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Lula constituído arguido por tentar obstruir Lava Jato
A revista Veja avança que o antigo presidente brasileiro é "acusado de ter feito parte de um esquema arquitectado para comprar o silêncio de um delator". Lula já reagiu afirmando que a decisão judicial é uma "provocação".
A revista Veja avança que Lula da Silva, antigo presidente brasileiro, foi constituído arguido pela justiça brasileira, sendo "acusado de ter feito parte de um esquema arquitectado para comprar o silêncio de um delator" no âmbito da operação anti-corrupção Lava-Jato.
O juiz Ricardo Leite aceitou esta sexta-feira, 29 de Julho, a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal brasileiro que acusa Luiz Inácio Lula da Silva de "comandar um esquema para obstruir a operação Lava Jato". O Ministério Público Federal suspeita que o antigo presidente brasileiro, e outras seis pessoas - entre elas o antigo senador Delcídio Amaral e André Esteves, ex-presidente da BTG Pactual de tentarem comprar "o silêncio de Nestor Cerveró", ex-director da área internacional da Petrobras.
"O objectivo era evitar que Cerveró fechasse um acordo de delação premiada, que comprometeria tanto Lula como um dos seus amigos mais próximos, José Carlos Bumlai", escreve a revista na sua edição online esta sexta-feira.
A Veja escreve que, de acordo com o Ministério Público Federal, há indícios de que "Lula actuou directamente com o objectivo de interferir no trabalho do Poder Judiciário, do Ministério Público e do Ministério da Justiça, seja no âmbito da Justiça de São Paulo, seja do Supremo Tribunal Federal ou mesmo da Procuradoria-Geral da República".
Lula da Silva já reagiu a esta decisão classificando-a de "provocação". "Se o objectivo de tudo isso é me tirar [da disputa presidencial] de 2018, isso não era necessário, a gente escolheria outro candidato mais qualificado. Mas essa provocação me dá uma coceira", afirmou durante um evento em São Paulo citado pela agência Bloomberg.
A defesa de Lula disse à Folha de São Paulo que ainda não foi notificada da decisão do juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara do Distrito Federal. Para já afirma apenas que "no final, a inocência [de Lula da Silva] será certamente reconhecida".
"Lula já esclareceu ao Procurador Geral da República, em depoimento, que jamais interferiu ou tentou interferir em depoimentos relativos à Lava Jato. A acusação se baseia exclusivamente em delação premiada de réu confesso e sem credibilidade - que fez acordo com o Ministério Público Federal para ser transferido para prisão domiciliar", escreveram os advogados de Lula da Silva à Folha de São Paulo. "Lula não se opõe a qualquer investigação, desde que realizada com a observância do devido processo legal e das garantias fundamentais", acrescentaram.
Já a defesa de André Esteves - preso entre Novembro de 2015 e Abril de 2016 após Delcídio do Amaral o ter acusado de ter oferecido 1,5 milhões de reais a Nestor Cerveró para que este antigo director da Petrobras não envolvesse o banco num acordo de denúncia premiada com a justiça - , afirmou que o empresário não cometeu nenhum crime. "Nada justifica o recebimento da denúncia em relação ao André. Vamos enfrentar a acusação com certeza de absolvição", afirmaram, de acordo com o site do jornal brasileiro.
Os advogados têm agora 20 dias para apresentar as defesas dos sete acusados. Terminado este prazo segue-se a fase de instrução do processo.
(Notícia actualizada às 23:44 com mais informações)