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Kiev admite impotência para salvaguardar integridade territorial
O Presidente ucraniano em funções admitiu esta quarta-feira a incapacidade das suas forças de segurança para controlar as movimentações dos rebeldes pró-russos que neste momento controlam mais de uma dezena de cidades no leste do país.
A Ucrânia e as suas autoridades políticas poderão estar à beira de constatar a consagração de mais um facto consumado que resultaria, no mínimo, na federalização do seu território e, na pior das hipóteses, na secessão da região leste do país cuja principal cidade é Donetsk.
“Neste momento as estruturas de segurança não são capazes de rapidamente retomar o controlo das regiões de Donetsk e Luhansk”, admitiu o Presidente em funções da Ucrânia, Oleksandr Turtchynov.
A proximidade de um conflito armado na região, levou Turtchynov “a falar do perigo real de a Federação Russa iniciar uma guerra terrestre com a Ucrânia”, segundo citação da Interfax-Ucrânia. Apesar do reconhecimento da incapacidade militar ucraniana, Oleksandr Turtchynov avançou que as forças militares ucranianas “foram colocadas em estado de prontidão”.
A cidade de Luhansk está, desde esta terça-feira à noite, inteiramente sob o controlo de protestantes armados pró-russos. Neste momento são mais de uma dezena o número de cidades que fogem ao controlo e autoridade do Governo central de Kiev.
A impossibilidade técnico-militar e financeira da Ucrânia para assegurar a derrota dos rebeldes que pretendem a independência da zona leste do país e subsequente anexação à Rússia, faz com que Turtchynov assuma como “única tarefa impedir o alastramento da ameaça terrorista, especialmente nas regiões de Kharkiv e Odessa”.
As autoridades de Kiev deparam-se ainda com a colaboração e o apoio de vários elementos das suas forças de segurança aos rebeldes separatistas, o que aumenta a probabilidade de uma reedição, mesmo que em moldes diferentes, do sucedido há quase dois meses com a região autónoma da Crimeia.
Na cidade de Slavyansk, ainda o principal reduto dos protestantes armados pró-russos e onde permanecem sequestrados sete elementos da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Denis Pushilin auto-proclamou-se o líder da República Popular de Donetsk. Os separatistas exigem a realização de referendos sobre a independência da região, à imagem do que aconteceu na Crimeia.
Todavia a situação poderá verificar uma acalmia ao nível da disputa entre Kiev e Moscovo. O Kremlin exclui qualquer intervenção militar na região, a não ser que os "interesses e direitos" das populações russófilas estejam colocados em causa. O recuo do Presidente da Ucrânia face ao desenvolvimento das operações militares "anti-terroristas" da semana anterior, poderá significar em simultâneo uma détente do crescendo de tensão entre a Rússia e a Ucrânia.