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Israel diz que acidentes em Gaza foram de defesa, Europa pede investigação independente
Depois de acusações de parte a parte, a União Europeia veio pedir uma investigação independente.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, felicitou o Exército por ter "protegido as fronteiras do país", na sequência de uma manifestação na sexta-feira na Faixa de Gaza, na qual 16 palestinianos foram mortos. Os palestinianos acusam Israel de uso desproporcionado da força e organizações de direitos humanos também já questionaram o uso de munições reais.
"Parabéns aos nossos soldados", escreveu num comunicado o governo israelita. E acrescentou: "Israel agiu firmemente e com determinação para proteger a sua soberania e a segurança dos seus cidadãos".
O Exército israelita disse ter sido obrigado a disparar contra os manifestantes, que lançaram pedras e "cocktails molotov" contra os soldados. E disse que alguns dos manifestantes tentaram também danificar a cerca e infiltrar-se em território israelita.
O Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, decretou o dia de hoje de luto nacional e acusou Israel de ser o único responsável pelas mortes.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, bem como a representante da diplomacia europeia, Federica Mogherini, pediram uma "investigação independente" sobre o uso de munições reais pelo exército de Israel na fronteira com Gaza durante os confrontos.
"O uso de munições reais deve ser objecto de uma investigação independente e transparente", afirmou a Alta Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, sublinhando que o bloco comunitário lamenta as mortes e endereça as suas condolências às famílias das vítimas.
"A liberdade de expressão e a liberdade de reunião são direitos fundamentais que devem ser respeitados", disse a representante, falando em nome dos 28 países-membros da UE.
Milhares de palestinianos marcharam na sexta-feira em direcção à barreira fronteiriça que separa a Faixa de Gaza de Israel, mais de 30 mil segundo o exército israelita e cerca de 40 mil de acordo com fontes palestinianas, para defender "o direito de regresso" dos refugiados palestinianos às terras que tiveram de abandonar durante a guerra da independência israelita de 1948 e denunciar o bloqueio rigoroso em vigor contra este enclave palestiniano.
O protesto intitulado "A Grande Marcha do Regresso", convocado pelo movimento radical palestiniano Hamas (que controla a faixa de Gaza desde 2007) e que deve durar cerca de seis semanas, degenerou em confrontos com o exército israelita.
Segundo o Ministério da Saúde do enclave 16 palestinianos morreram e mais de 1.400 ficaram feridos, dos quais 758 com balas reais. Do lado israelita não foi referido qualquer morto ou ferido.
Tratou-se do dia mais sangrento desde a guerra de 2014 em Gaza.
Hoje, milhares de habitantes de Gaza participaram nos funerais de 14 manifestantes, alguns pedindo "vingança".