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Guerra comercial: EUA perdem mais do que China e Europa, diz Fitch
EUA, México e Canadá seriam as principais vítimas da guerra comercial que os EUA têm vindo a travar em várias frentes, analisa a Fitch. A China, um dos grandes alvos, sentiria um impacto significativamente inferior, assim como a União Europeia.
E se os EUA da América avançassem com tarifas de 25% sobre as importações automóveis, impusessem novas sanções à China, o NAFTA acabasse e os parceiros comerciais retaliassem na mesma medida? É um cenário hipotético mas que já esteve mais longe da realidade. E é com base nele que a Fitch faz as suas projecções: a verificar-se, os EUA estarão a pôr um travão de 0,8% no crescimento económico, enquanto a China só deverá desacelerar 0,3% e a União Europeia 0,1%.
A liderar o pódio dos "grandes perdedores" desta guerra comercial estaria o México, com uma quebra de 1,7%, seguido dos EUA e do Canadá, empatados nas perdas de 0,8%. Mas a realidade pode ainda piorar para estes países, avisa a Fitch: "Os resultados consideram apenas o impacto das tarifas, mas os obstáculos levantados pelo colapso do NAFTA poderão ser igualmente senão mais significativos, ao implicarem a disrupção das cadeias de distribuição". O NAFTA (North American Trade Agreement) é o acordo assinado por estes três países para promover as trocas comerciais entre o trio.
Ao nível global, calcula ainda a agência de rating, as opções comerciais do Governo de Trump podem ditar um impacto económico negativo na ordem dos 0,4%.
A Fitch enumera as diferentes variáveis que podem ditar a degradação do desempenho económico generalizado. Em primeiro lugar, o preço aumentado das importações pesaria nos custos das empresas e, colateralmente, no poder de compra (real wages). A confiança das empresas e o preço do capital seria abalado, afectando o nível de investimento. A produtividade também sairia diminuída, dada a menor concorrência.
Esta quarta-feira o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker vai reunir-se com Donald Trump, com o objectivo de evitar uma guerra comercial. Em declarações ao canal alemão ZDF, Juncker já afirmou que não está "excessivamente optimista" em relação às negociações com o presidente dos Estados Unidos.
As relações comerciais entre Bruxelas e Washington estão tensas, não só devido às taxas alfandegárias impostas pelos EUA às importações de aço e alumínio - e já retaliadas pelo bloco europeu -, mas também pela ameaça de Donald Trump de aplicar tarifas de 25% às importações de automóveis oriundos da UE, caso os representantes comunitários não negoceiem de "boa-fé" na visita à Casa Branca.