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FMI: “Já não existe muita margem de erro”

O FMI avisa que os responsáveis políticos começam a ficar encostados perante a falta de ímpeto da recuperação da economia mundial. Estímulos orçamentais e reformas estruturais são essenciais.

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12 de Abril de 2016 às 14:04
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Os técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) estão mais pessimistas acerca da recuperação da economia global em 2016 e 2017. Segundo as previsões inscritas no "World Economic Outlook" (WEO), o mundo crescerá 3,2% em 2016, menos 0,2 pontos percentuais do que a última previsão de Janeiro deste ano. Para 2017, a expectativa é que se verifique uma aceleração para 3,5% (menos 0,1 pontos face a Janeiro).

 

A contribuir para este resultado está um crescimento previsto para este ano de 1,9% nas economias avançadas e 4,1% nas economias emergentes. Entre os países mais desenvolvidos, a economia dos Estados Unidos deverá avançar 2,4%, o Japão 0,5%, o Reino Unido 1,9% e a Zona Euro 1,5%. Como já era conhecido, a estimativa do FMI para Portugal é um crescimento de 1,4%. Entre os países em desenvolvimento, a Nigéria e a Rússia registam as maiores revisões em baixa face à previsão de Janeiro (-1,8 pontos e -0,8 pontos, respectivamente).

 

"A revisão em baixa das previsões reflecte uma desaceleração em todos os grupos de países", sublinha Maurice Obstfeld, director do gabinete de investigação do FMI. "Para apoiar o crescimento global e proteger contra os riscos descendentes face ao cenário central propomos uma abordagem em três níveis, baseadas em políticas monetárias, orçamentais e [reformas] estruturais]."

 

Destas três avenidas para estimular a economia, a política monetária é aquela que tem feito mais para tentar interromper a tendência de arrefecimento e a depressão dos preços, com os bancos centrais a usarem todos os trunfos à sua disposição, com destaque para o BCE e a Zona Euro. O mesmo não se pode dizer das outras duas vias. O FMI conclui que "reformas do mercado de trabalho e de produto nas economias avançadas podem dar um estímulo importante às perspectivas de crescimento no médio e longo prazo". Algo que está reflectido num capítulo do WEO divulgado anteriormente e sobre o qual o Negócios já escreveu.

 

Para além das reformas, o Fundo sublinha também a necessidade de utilizar dinheiro público para tirar a economia da actual letargia, referindo a redução da carga fiscal sobre o trabalho, mais gastos públicos com investigação e desenvolvimento [I&D] e políticas activas de emprego. No actual contexto, actuar do lado do produto pode ter vantagens em comparação com flexibilizar ainda mais o mercado de trabalho.

 

"Reformas do mercado de produto – que têm como objectivo aumentar a competitividade entre empresas e tornar mais fácil começar um negócio e atrair um investimento – deve ser implementado de forma vigorosa, uma vez que estimulam o PIB mesmo sob condições macroeconómicas frágeis e sem pesar nas finanças públicas", pode ler-se no relatório. "Quando seja possível, a diminuição dos apoios em situação de desemprego e aliviar a protecção ao emprego deve ser acompanhada por outras políticas para compensar os custos de curto prazo para os grupos mais vulneráveis."

 

Onde haja "margem", o FMI recomenda estímulos orçamentais. E, mesmo que essa margem não exista, deve haver algum tipo de apoio público através de uma composição da receita e da despesa que seja mais "amiga do crescimento". Para alguns países, Washington recomenda investimento em infraestruturas, uma vez que alguns governos beneficiam de custos de financiamento baixos. Regra geral, colocar o poder de fogo orçamental por trás de investimentos em I&D é uma boa ideia, refere o Fundo.

 

Obstfeld é bastante claro na urgência de actuação dos Governos. "Como possibilidades de revisões em baixa, as previsões mais negativas pedem uma resposta pró-activa imediata. Repito: já não existe muita margem de erro", sublinha. "Mas ao reconhecer claramente os riscos que enfrentam em conjunto e ao agir em conjunto para se prepararem para eles, os responsáveis políticos podem aumentar a confiança, dinamizar o crescimento e proteger-se de forma mais eficaz contra os riscos de uma recuperação descarrilada."

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