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Fitch baixa 'rating' da Venezuela e diz que sanções dos EUA tornam incumprimento provável
A agência de notação financeira Fitch baixou hoje o 'rating' da Venezuela, de CCC para CC, considerando provável que o país entre em incumprimento financeiro na sequência do alargamento das sanções económicas pelos Estados Unidos.
"A degradação do 'rating' da Venezuela reflecte a visão da Fitch de que um incumprimento financeiro é provável devido à redução nas opções de financiamento para o Governo da Venezuela, no seguimento da imposição de mais sanções pelo Governo norte-americano no dia 25", escrevem os analistas.
Na nota divulgada esta noite no site da agência, a Fitch especifica que as sanções aprovadas pelos norte-americanos "proíbem os EUA e as entidades baseadas no país de fazerem uma série de transacções financeiras com o Governo e a PDVSA [a companhia de petróleo nacional], incluindo quaisquer negociações sobre nova dívida e acordos sobre os títulos existentes e detidos pelo sector público venezuelano e pagamento de dividendos ao Governo da Venezuela".
A descida para uma recomendação de não investimento ainda mais forte, dois níveis acima de um 'default' (incumprimento), significa um aumento na dificuldade de financiamento e indica, na terminologia da agência, que a capacidade de pagamento das dívidas pela Venezuela passou de estar vulnerável e dependente de condições económicas favoráveis para ser altamente vulnerável e com títulos de dívida altamente especulativos.
Apesar de reconhecer da parte do executivo venezuelano a existência de um "forte compromisso e vontade" de pagar as dívidas, a Fitch considera, "no entanto, que a previsível redução da posição de reservas internacionais no contexto das sanções vai testar de forma severa a capacidade e vontade do Governo para continuar a pagar atempadamente as dívidas".
No próximo ano, a Venezuela vai ter de pagar 3,7 mil milhões de dólares em amortizações externas, dois mil milhões das quais representam títulos de dívida, diz a Fitch.
Além da deterioração da situação política e da relação com vários países, a Venezuela deve enfrentar também este ano uma recessão, pelo quarto ano consecutivo, vendo a sua economia contrair-se em 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o que, apesar de tudo, já representa uma melhoria face à queda de 18,6% no ano passado.