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Europa só tem luz verde para aplicar um terço das tarifas pretendidas aos EUA
A União Europeia conseguiu uma vitória agridoce na OMC, já que pode avançar com tarifas a bens dos EUA, mas num montante bem inferior ao pretendido.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou a União Europeia a avançar com a imposição de tarifas sobre bens importados dos Estados Unidos no valor de 4 mil milhões de dólares, em retaliação às ajudas concedidas à fabricante de aviões Boeing.
Apesar de ter visto a OMC dar-lhe razão, a União Europeia acaba por ter neste caso uma vitória agridoce. É que pretendia que as tarifas fossem três vezes superiores ao definido (12 mil milhões de dólares) e os 4 mil milhões de dólares ficam também bem abaixo das tarifas que os EUA impuseram à UE devido às ajudas à Airbus (7 mil milhões de dólares).
Esta decisão da OMC ainda não é oficial, tendo sido avançada pela Bloomberg com base nas notificações da instituição às partes interessadas.
A OMC tem sido palco de uma disputa, há mais de 15 anos, entre a Boeing e a Airbus, devido às subvenções e ajudas concedidas, respetivamente pelos Estados Unidos e pela UE, à sua indústria aeronáutica.
Os EUA parecem para já ter vantagem nesta disputa histórica, já que a OMC autorizou um volume de tarifas superior, dando aos norte-americanos um maior poder negocial. Havendo agora lugar a tarifas dos dois lados, será mais fácil ser alcançado um acordo que as anule.
Por outro lado, há também a hipótese, sublinha a Bloomberg, de este ser o ponto de partida para uma guerra de tarifas mais ampla entre os dois blocos económicos.
A resposta da União Europeia a esta deliberação da OMC pode ser a chave para perceber se este conflito pode escalar ou não. Se Bruxelas avançar com a imposição das tarifas sobre bens norte-americano antes das eleições presidenciais de 3 de novembro, abre caminho para um agravamento das relações comerciais com a maior economia do mundo numa altura em que a pandemia continua a penalizar fortemente o comércio mundial.
As tarifas foram uma das imagens de marca do mandato de Donald Trump na Casa Branca e a sua administração tem sinalizado que pretende usar as taxas alfandegárias para diminuir o défice comercial dos EUA com a UE, que atingiu perto de 180 mil milhões de dólares em 2019. O setor automóvel pode ser um dos visados.