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Ernest Moniz: “Liderança na Europa vai ser crucial” no acordo com o Irão
O secretário de Estado da Energia de Barack Obama, que firmou o acordo com o Irão que Trump acaba de desmantelar, esteve em Lisboa esta quarta-feira. Ernest Moniz sublinha o papel decisivo que terão os líderes europeus na manutenção do acordo.
"Todos precisamos de contar francamente com a Europa para ver como conseguiremos manter a estabilidade", comentou Ernest Moniz, numa declaração à margem da sua apresentação na APED Retail Summit, que teve lugar esta quarta-feira em Lisboa e na qual era o convidado especial. "A liderança na Europa vai ser crucial" na manutenção do acordo, reforçou.
Ernest Moniz deixa ainda a nota de que a democracia ocidental está muito assente em relações comerciais e alianças. "Tenho pena que [as alianças] estejam ligeiramente abaladas neste momento", lamenta, marcando a direcção contrária que o Governo de Trump está a tomar em relação aos parceiros do resto do globo.
A última vez que Ernest Moniz esteve em Lisboa foi precisamente dias antes de os EUA, em conjunto com outras grandes potências, fecharem o acordo com o Irão. Neste acordo, os países do Ocidente comprometeram-se a aliviar as sanções aplicadas ao país do Médio Oriente em troca do cessar da produção de armamento nuclear, e o direito à respectiva monitorização. Até agora não existe registo de qualquer incumprimento por parte do Irão, tendo Trump argumentado, contudo, que o acordo era benéfico só para um dos lados.
Os líderes europeus apressaram-se a reagir. O presidente francês, Emmanuel Macron, publicou no Twitter em nome das grandes potências europeias: "França, Alemanha e Reino Unido lamentam a decisão dos EUA de sair do acordo com o Irão. O regime de não proliferação nuclear está em risco", lê-se no tweet. Barack Obama, cuja administração esteve na origem do acordo, classifica a decisão de Trump como um "erro grave" e alerta para uma possível diminuição da credibilidade dos EUA com a sucessiva quebra de acordos internacionais.
Outra das batalhas da administração de Obama nas quais Ernest Moniz esteve presente foi a implementação de metas mais ambiciosa para as energias renováveis. Depois de Trump ter recuado na participação do Acordo de Paris, no qual se definiram metas ambientais à escala global, Ernest Moniz relembra que vários líderes políticos norte-americanos, assim como empresas de renome, anunciaram que se manteriam fiéis aos objectivos de um futuro com menos emissões de carbono. Esta atitude reforça a confiança na conquista das metas anteriormente definidas. "Não estamos no caminho certo", concede, mas alerta que não é altura para desistir e elogia Portugal, que "tem sido pioneiro" na área das renováveis.