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Egipto encerra quatro televisões e prossegue perseguição à Irmandade Muçulmana

A Justiça egípcia ordenou o fecho definitivo de quatro estações de televisão que operavam no país. Três televisões tinham inspiração islâmica e a outra era a filial da “Al Jazeera” no Egipto.

03 de Setembro de 2013 às 17:35
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Enquanto os olhos da comunidade internacional estão focados na crise síria, o Egipto prossegue a contra-revolução iniciada logo depois da deposição do ex-Presidente Mohamed Morsi. O exército, que durante 30 anos teve a primazia do poder decisório e de influência, durante a ditadura de Hosni Mubarak, está a tentar enfraquecer o mais possível a Irmandade Muçulmana.

 

A “Al Jazeera” refere, esta terça-feira, que um Tribunal egípcio ordenou o encerramento definitivo de quatro televisões por considerar que estas colocam em causa a unidade nacional. A Al Jazira Mubasher Misr, filial do canal catar, terá sido encerrada por emitir, sem permissão, e pelo facto das suas emissões estarem a espalhar boatos.

 

Entre as outras estações encerradas uma está ligada ao grupo palestiniano Hamas, outra é uma filial da Irmandade Muçulmana e, a última, tem sede na Jordânia. Estas televisões haviam sido encerradas, em Julho, depois do exército depor Morsi, que tinha vencido as eleições democráticas realizadas poucos meses depois do início da Primavera Árabe.

 

O poder vigente no Egipto já anunciou que Morsi irá ser, entretanto, julgado por “incitamento à violência” e pelo assassínio de adversários políticos. Incorre a uma condenação que poderá chegar à pena de morte. Juntamente com Morsi, serão julgados 14 outros membros da Irmandade, que por sua vez corre o risco de ser dissolvida pelas autoridades legais egípcias.

 

Ao mesmo tempo que prossegue a perseguição à Irmandade, o antigo Presidente do Egipto, Mubarak, que estava preso desde que a revolução espoletada pela Primavera Árabe o tinha obrigado a refugiar-se na sua “villa” em Sharm el-Sheik, foi entretanto libertado e aguarda julgamento em vários processos. Entre os quais aquele que antes de ser anulado o tinha condenado a prisão perpétua por cumplicidade na morte de vários manifestantes durante os protestos que acabaram por ditar o fim, em 2011, do seu legado enquanto Presidente.

 

A Irmandade Muçulmana, movimento ao qual Morsi pertence viu, também, esta terça-feira, um Tribunal condenar 11, dos seus membros, a pena de morte. Para além destes, 45 elementos da Irmandade foram condenados, a cinco anos de prisão, por terem recorrido a “meios violentos” contra o exército egípcio durante as manifestações pró-Morsi que decorreram no Suez, a 14 de Agosto. Ainda durante a manhã desta terça-feira, a “Al Jazeera” noticiou que raids de helicópteros, no Sinai, do exército do Cairo, ditaram a morte de oito elementos de grupos armados e o ferimento de pelo menos 15 rebeldes. Note-se que é no Sinai que se encontra uma das franjas mais significativas de grupos armados que condenam a tomada de poder do exército e apoiam a legitimidade democrática do ex-Presidente Morsi. São elementos, por norma, próximos da Irmandade Muçulmana ou outros movimentos islâmicos menos ortodoxos.

 

No passado sábado, em gravação postada na internet, o porta-voz do Estado islâmico no Iraque e no Levante, Abu Mohammed al-Adnani, grupo com fortes ligações à Al-Qaeda, instava o povo egípcio a pegar nas armas e combater o exército, criticando a “inutilidade” da resistência pacífica até agora adoptada. Se por um lado a questão Síria preocupa as autoridades internacionais, o Egipto, considerado um modelo após a revolução desencadeada com o derrube de Mubarak, e posterior eleição democrática de Morsi, poderá rapidamente transformar-se num foco de grande tensão regional, com consequências de âmbito internacional.    

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