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China tenta travar especulação com yuan face à sua desvalorização

As autoridades chinesas aumentaram o controlo sobre a negociação do yuan para tentar reduzir os níveis de especulação, isto depois da forte queda da divisa chinesa face ao dólar.

A moeda chinesa arrastou as bolsas de todo o mundo no Verão de 2015. Na madrugada de 10 para 11 de Agosto, o Banco Popular da China anunciou a maior desvalorização do yuan desde os anos 90, ao mesmo tempo que flexibilizava a cotação da sua divisa. A decisão fez tremer os mercados, uma vez que os investidores começaram a ter dúvidas sobre a real saúde da economia chinesa. A desvalorização foi entendida como um sinal de preocupante debilidade, como que numa tentativa de evitar que a sua desaceleração após um crescimento em torno de dois dígitos resultasse numa recessão.
Praticamente todo o mês de Agosto foi de queda nas bolsas, tendo a sessão de dia 24 sido apelidada de 'segunda-feira-negra', uma vez que se viveu 'mini-crash'. No dia seguinte, a China voltou a intervir para tentar travar a espiral de queda nos mercados e o banco central avançou com o quinto corte de juros desde Novembro de 2014, numa tentativa de estimular a economia. Resultou: as bolsas mundiais dispararam, a corrigirem da pior sessão em sete anos.
Reuters
06 de Agosto de 2018 às 10:01
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A China reforçou o controlo sobre a negociação da sua moeda, o yuan, visando dissuadir a especulação, após um abrupto declínio face ao dólar norte-americano, suscitado pelas disputas comerciais entre Pequim e Washington.

O banco do povo chinês (banco central) anunciou que a partir de hoje os bancos terão de ter um depósito de 20% para contratos de compra ou venda de yuan no futuro.

A medida aumenta os custos de apostar na desvalorização do yuan, visando travar a negociação especulativa.

Na sexta-feira passada, a moeda chinesa chegou a cair 0,7%, face ao dólar norte-americano, atingindo o valor mais baixo desde maio de 2017.

Desde o início de Fevereiro, o yuan caiu já cerca de 8% face ao dólar. A queda apoia os exportadores chineses face à subidas das taxas alfandegárias nos EUA, ao reduzir o preço dos seus bens na moeda norte-americana, mas encoraja os investidores a tirar dinheiro da China, levando a um aumento nos custos de financiamento de outras indústrias domésticas.

As crescentes fricções comerciais com Washington sugerem que Pequim continuará a desvalorizar a sua moeda. Analistas afirmam que a desvalorização tem sido suscitada também pelo abrandamento do ritmo de crescimento da economia chinesa e as diferentes direcções das taxas de juro nos EUA e na China.

No mês passado, o Presidente norte-americano, Donald Trump, impôs taxas alfandegárias de 25% sobre 34 mil milhões de dólares (mais de 29 mil milhões de euros) de importações oriundas da China, contra o que considera serem "tácticas predatórias" por parte de Pequim, que visam o desenvolvimento do seu sector tecnológico.

Pequim retaliou aquelas medidas, levando Trump a ameaçar penalizar mais 200 mil milhões de dólares (173 mil milhões euros) de produtos chineses.

A liderança chinesa tem tentado manter os seus planos de desenvolvimento económico a longo prazo, resistindo à exigência de Trump para que altere as suas políticas para a tecnologia, que outros governos acusam de violar os compromissos da China com a abertura do seu mercado.

Jingyi Pan, analista na IG Asia, empresa líder nas transacções de derivados, afirma que o banco central chinês tem sido "muito tolerante" face à desvalorização do yuan, mas que as últimas medidas "sugerem preocupações com a fuga de capital".

Pequim impôs medidas semelhantes em Outubro de 2015, após uma mudança no mecanismo da taxa de câmbio ter levado os mercados a apostar na queda do yuan. A moeda estabilizou temporariamente, mas desvalorizou no ano seguinte.

Tornar a aposta na queda do yuan mais difícil "não isola [a moeda] da guerra cambial", afirma em relatório Philip Wee e Eugene Leow, do banco de Singapura DBS Group.

A eficácia dos novos controlos deverá ser limitada, segundo analistas, face às diferentes tendências nas taxas de juro na China e EUA.

A Reserva Federal norte-americana está a aumentar as taxas de juro, enquanto Pequim tem impulsionado o acesso ao crédito, visando estimular o crescimento económico. Isto encoraja os investidores a converter o dinheiro em dólares, visando obter maiores lucros.
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