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Brasil: Colher apoios já não chega para Haddad vencer Bolsonaro

Haddad receberá o apoio do terceiro classificado, mas os analistas dizem que terá de ir buscar votos directamente ao seu adversário. Vitória de Bolsonaro foi recebida com euforia pelos investidores.

Reuters
08 de Outubro de 2018 às 22:00
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Garantida a passagem à segunda volta, é agora tempo de os dois candidatos contarem espingardas. Para Jair Bolsonaro, que ficou a quatro pontos percentuais da maioria absoluta, não é preciso fazer grande coisa. O desafio está sobretudo do lado do candidato do PT, Fernando Haddad, que conseguiu apenas 29% dos votos.

Em teoria, Haddad teria de recolher todos os votos de Ciro Gomes (12,5%), Geraldo Hackmin (4,8%) e Marina Silva (1%), algo que é absolutamente improvável. Assim, defendem os analistas consultados pelo jornal Folha de São Paulo, resta ao candidato do PT reorientar o seu discurso político de modo a conseguir roubar eleitores directamente a Bolsonaro.  

O apoio de Ciro, dado como certo, obrigará a alguma moderação programática do PT na área económica, mas os analistas consideram que a única forma de Haddad conseguir atrair eleitorado de Bolsonaro é falar na retirada de direitos sociais que poderá advir do programa mais liberal de Bolsonaro, personificado no seu futuro ministro das Finanças, Paulo Guedes.

É precisamente este homem e, claro, o afastamento do PT do poder que levaram os mercados financeiros a festejar a vitória de um candidato que admite abertamente as suas simpatias pela ditadura militar no Brasil. A bolsa abriu a subir 5,7%, a maior valorização em dois anos, e seguia à hora de fecho desta edição com uma evolução idêntica.

Porém, para alguns analistas, esta satisfação pode durar pouco tempo. Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, considera que mais tarde ou mais cedo Bolsonaro e Guedes entrarão em linha de colisão. "Continuo achando que Paulo Guedes e a agenda dele não serão longevos", diz este analista ao mesmo jornal, prevendo um "diálogo de surdos" entre os dois.

Por outro lado, alguns analistas lembram que Bolsonaro terá agora de entrar num terreno mais difícil, que é o de dizer ao que vem no domínio económico e social. Citada pela Folha de São Paulo, a politóloga Marta Arretche lembra que até aqui Bolsonaro "foi só o candidato anti-alguma coisa: anti-PT, anticorrupção, antiviolência. Agora terá de explicar como irá, por exemplo, manter a política de salário mínimo e, ao mesmo tempo, equacionar a Previdência. Como vai prometer o equilíbrio das contas públicas que vem prometendo."

E é precisamente aqui que Haddad pode desferir o golpe que lhe daria a reviravolta considerada por muitos como quase impossível.
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