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Arábia Saudita diz que morte de jornalista foi um “grande e grave erro”
Adel al-Jubeir, ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, garantiu que o príncipe herdeiro não tem qualquer envolvimento na morte do jornalista e assegurou que os responsáveis serão punidos.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, Adel al-Jubeir (na foto), admitiu este domingo, numa entrevista à Fox News, que a morte do jornalista Jamal Khashoggi no consulado, em Istambul, foi um "grande e grave erro". No entanto, o governante assegurou que o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, nada sabia.
Os comentários de Adel al-Jubeir são os mais directos, até ao momento, por parte de um responsável da Arábia Saudita, que tem dado sinais contraditórios sobre este caso, primeiro negando a morte do jornalista, e depois confirmando-a, rejeitando, porém, qualquer responsabilidade por parte das autoridades do reino.
Esta falta de consistência, juntamente com as alegações das autoridades turcas de que Jamal foi assassinado no consulado, têm abalado as relações entre a Arábia Saudita e o Ocidente nos últimos dias.
O secretário do Tesouro dos EUA, Stephen Mnuchin, afirmou este domingo que a admissão da Arábia Saudita de que Jamal foi morto numa discussão foi "um bom primeiro passo, mas não o suficiente", acrescentando que é prematuro discutir quaisquer sanções contra Riade.
Na Europa, três grandes potências - Alemanha, Reino Unido e França - pressionaram a Arábia Saudita a apresentar evidências que apoiem a sua explicação para a morte do jornalista, enquanto a chanceler Angela Merkel disse que a Alemanha não exportará armas para a Arábia Saudita enquanto persistir a actual incerteza sobre o que aconteceu a Khashoggi.
À Fox, Jubeir enviou condolências à família do jornalista e assegurou que os responsáveis pela sua morte serão punidos.
"Este é um erro terrível. É uma tragédia terrível. As nossas condolências vão para eles. Sentimos a sua dor", disse o ministro. "Infelizmente, um grande e grave erro foi cometido e garanto-lhes que os responsáveis ??serão responsabilizados por isso".
Jubeir assegurou que os sauditas não sabem como é que Khashoggi foi morto nem onde está o seu corpo, e que o príncipe Mohammed, governante da Arábia Saudita, não tem qualquer responsabilidade no sucedido.
"Esta foi uma operação em que os indivíduos acabaram por se exceder na autoridade e responsabilidade que tinham. Cometeram um erro quando mataram Jamal Khashoggi no consulado e tentaram encobrir isso", afirmou.
Depois de ter negado qualquer envolvimento no desaparecimento do homem de 59 anos, durante duas semanas, a Arábia Saudita disse no sábado que Khashoggi, um crítico do príncipe herdeiro, morreu durante uma discussão no consulado. Uma hora depois, outro oficial saudita atribuiu a morte a um estrangulamento.
"Nada pode justificar esse assassinato e condenamo-lo nos termos mais fortes possíveis", disseram Alemanha, Reino Unido e França num comunicado conjunto este domingo. "Ainda há uma necessidade urgente de esclarecer exactamente o que aconteceu…além das hipóteses levantadas até agora na investigação saudita, que precisam de ser apoiadas por factos para serem consideradas confiáveis".
As autoridades turcas suspeitam que Khashoggi foi morto dentro do consulado pela equipa de agentes sauditas e que o seu corpo foi esquartejado. Fontes turcas disseram que as autoridades têm uma gravação de áudio onde está documentado o assassinato de Khashoggi dentro do consulado.
Num discurso feito este domingo, o presidente turco Erdogan sugeriu estar a preparar-se para divulgar algumas informações sobre a investigação turca nos próximos dias.
"Farei as minhas declarações sobre esse assunto na terça-feira na reunião do grupo do partido", disse Erdogan.