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Médio Oriente: Europa “agitada” com Israel na final do Festival Eurovisão da Canção

O apuramento de Israel para a final do 68.º Festival Eurovisão da Canção causou divergência na Europa, com um partido representado no Governo espanhol a pedir a exclusão da representante israelita, enquanto Berlim e Paris criticaram os protestos.

Leonhard Foeger/Reuters
11 de Maio de 2024 às 09:07
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Joost Klein, o representante dos Países Baixos, que manifestou na quinta-feira à noite o seu desacordo por ter sido colocado ao lado da concorrente israelita Eden Golan, foi afastado de um ensaio geral, com a organização a apontar apenas para um incidente, sem dar mais detalhes.

Perante 9.000 espetadores, Eden Golan, de 20 anos, alcançou a passagem para a final de sábado do 68.º Festival Eurovisão da Canção que decorre em Malmo, na Suécia, com o tema "Hurricane", cuja versão inicial teve de ser modificada porque fazia alusão ao ataque do Hamas contra Israel em 07 de outubro, que levou ao atual conflito na Faixa de Gaza.

Israel juntou-se assim aos 26 países, incluindo Portugal, que vão competir no sábado para suceder à Suécia como vencedora desta competição, que foi seguida em 2023 por 162 milhões de telespetadores.

A presença israelita foi contestada pelo partido de extrema-esquerda Sumar - cuja líder Yolanda Diaz é a número três do Governo espanhol - que lançou hoje uma petição para solicitar a exclusão do país da final.

Sumar criticou a União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês) por aceitar "a participação de Israel num momento em que as suas tropas exterminam o povo palestiniano e destroem toda a região". A petição somava esta sexta-feira à tarde quase 7.000 assinaturas.

Por outro lado, a ministra da Cultura alemã, Claudia Roth, considerou hoje "totalmente inaceitáveis" os "apelos ao boicote contra a participação de artistas israelitas" em Malmo, numa publicação na rede social X.

"A política não tem lugar na Eurovisão", frisou também o ministro francês para a Europa, Jean-Noël Barrot, considerando ainda inaceitável a "pressão sobre os artistas".

Israel participa neste festival desde 1973 e conquistou-o pela quarta vez em 2018. Hoje, o Estado judeu estava entre os favoritos, atrás da Croácia, segundo o 'site' de apostas 'online' Oddschecker.com.

Quase 12.000 pessoas, incluindo a ativista climática Greta Thunberg, manifestaram-se esta quinta-feira contra a participação de Israel em Malmo, para onde já foi agendado um novo protesto, para sábado.

A emissora de televisão belga VRT, uma das duas que organiza a participação daquele país no concurso, interrompeu temporariamente a emissão na quinta-feira, durante a atuação de Eden Golan, condenando "as violações do estado de Israel em Gaza".

Quando a representante israelita esteve em palco durante a segunda semifinal do concurso, ouviram-se assobios, nomeadamente na parte inicial da atuação.

A neutralidade exigida pela organização do evento já tinha sido condicionada esta terça-feira pelo cantor sueco Eric Saade, que atuou com a mão esquerda envolta num 'keffiyeh', lenços que são símbolo da luta palestiniana.

O gesto foi criticado pela televisão pública sueca SVT e pela EBU, que proibiram o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky de falar durante a competição no ano passado. Este ano, o conflito na Ucrânia foi ofuscado pela guerra em Gaza.

Malmo, onde vive a maior comunidade de origem palestiniana, recebeu reforços policiais de toda a Suécia, mas também da Dinamarca e da Noruega.

"Não há ameaça dirigida contra a Eurovisão", garantiu, ainda assim, um porta-voz da polícia.

Dentro da comunidade judaica de Malmo, alguns planeiam deixar a cidade durante o fim de semana. "O sentimento de insegurança aumentou depois de 7 de outubro, muitos judeus estão preocupados", realçou um porta-voz, Fredrik Sieradzki.

 

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