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Myanmar indigita primeiro presidente civil em cinquenta anos
Meio século depois, a ex-Birmânia volta a ter um presidente civil. Htin Kyaw é amigo de Aung San Suu Kyi, a líder da Liga Nacional para a Democracia, partido vencedor das eleições legislativas de 2015.
Na curta cerimónia de indigitação o presidente Htin Kyaw comprometeu-se com a "reconciliação nacional" e abriu espaço para alterações na Lei Fundamental do país, Myanmar, ex-Birmânia.
"Temos o dever de trabalhar para uma Constituição que seja apropriada ao país e respeite os 'standards' democráticos", acrescentou o responsável, membro do partido Liga Nacional para a Democracia, da activista política e prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
A actual Constituição impede Aung San Suu Kyi de assumir a presidência porque tem filhos de nacionalidade estrangeira. Esta cláusula foi inscrita na Lei Fundamental em 2008. O falecido marido da responsável política era britânico.
Apesar da abertura do novo presidente para alterar a Lei Fundamental, esta dita que o exército deve manter 25% dos assentos parlamentares, o que confere a esta facção direito de veto sobre alterações constitucionais e permite manter a sua influência num país que esteve cinco décadas sob ditadura militar.
Banida do mais alto cargo no país, a expectativa é que a responsável assuma a liderança de três ministérios no novo Governo, sendo eles o dos Assuntos Externos, da Energia e da Educação, e que fique ainda com o cargo de chefe de gabinete da presidência.
O novo Governo toma posse, formalmente, a 1 de Abril.
Htin Kyaw, agora indigitado, foi eleito pelo Parlamento a 15 de Março, com 360 dos 652 votos, superando Myint Swe, nomeado pela facção militar, e Henry Van Thio, candidato da minoria étnica Chin. Estes tornar-se-ão primeiro e segundo vice-presidentes, respectivamente.
Aung San Suu Kyi, líder da Liga Nacional para a Democracia, partido vencedor das eleições de Novembro de 2015 com a conquista da maioria dos assentos nas duas câmaras parlamentares, aplaudiu o resultado da votação.
Htin Kyaw, de 69 anos, é um amigo de longa data de Aung San Suu Kyi e membro da Liga Democrática para a Democracia. E, dentro do círculo do partido, é visto como uma pessoa leal à activista laureada com o prémio Nobel da Paz em 1991.
Apesar disso, o responsável, escreve o The Guardian, era pouco conhecido entre a população de Myanmar antes de ser nomeado para assumir a presidência.
Htin Kyaw frequentou a escola em Yangon ao lado de Aung San Suu Kyi antes de receber uma bolsa para estudar no Reino Unido. É filho de um reconhecido autor e poeta, Min Thu Wun, e foi executivo sénior de uma fundação de caridade denominada em honra da mãe de Aung San Suu Kyi, uma posição que inspira respeito entre as fileiras do partido.