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Partido de San Suu Kyi prepara Governo em Myanmar
Os deputados da Liga Nacional para a Democracia tomaram posse esta segunda-feira, ocupando cerca de 80% dos lugares do Parlamento e colocando os militares em minoria. Ainda assim, estes ficarão com cargos-chave no futuro Governo.
Ao fim de 50 anos de ditadura militar e de 25 anos de contestação interna e internacional, a activista Aung San Suu Kyi assistiu esta segunda-feira à posse no Parlamento da República do Myanmar de uma maioria inédita de deputados do seu partido, a Liga Nacional para a Democracia (NLD).
Esta nova maioria é o culminar do processo eleitoral que, em Novembro passado, deu cerca de 80% de todos os lugares elegíveis à NLD, numa votação que foi finalmente reconhecida pelas autoridades do país. Em 1990, a maioria obtida nas urnas pelo mesmo partido não foi considerada legítima pela junta militar que então governava o Myanmar.
Os militares conservam, ainda assim cerca de um quarto dos assentos na Assembleia. Esta segunda-feira de manhã, centenas de parlamentares da NLD – muitos dos quais antigos presos políticos – tomaram posse na câmara baixa do Parlamento, vestindo uniformes cor de laranja.
Na sexta-feira passada, Thein Sein garantiu que o actual Governo "colaborará" com o próximo na busca de "paz e desenvolvimento ao país". Contudo, de acordo com o jornal britânico The Guardian, pastas como a Administração Interna e a Defesa continuarão a estar nas mãos das forças armadas (Tatmadaw).
O Myanmar, no sudeste asiático, tem estado envolvido num processo gradual de reformas desde 2010, que incluiu a dissolução em 2011 da junta militar, à frente do país desde 1962. No período de abertura do regime, San Suu Kyi foi libertada da prisão domiciliária em que se encontrava desde pouco antes das eleições gerais que, em 1990, deram a maioria ao seu partido.