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Imobiliário e consumo prejudicam recuperação económica da China em julho

O consumo contribuiu com cerca de 60% do crescimento económico da China no primeiro semestre do ano e espera-se que venha a assumir um papel ainda mais importante no apoio à segunda maior economia do mundo.

Reuters
15 de Agosto de 2024 às 08:22
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A crise imobiliária e o consumo interno débil prejudicaram a recuperação económica da China, em julho, indicam dados divulgados esta quinta-feira pelo Gabinete de Estatística do país asiático.

O desemprego aumentou pela primeira vez desde fevereiro, situando-se em 5,2%, em comparação com 5% em junho.

A produção industrial também aumentou mais lentamente do que no mês anterior, registando um aumento anual de 5,1% em julho, em comparação com um aumento de 5,3% em junho.

As vendas a retalho cresceram ligeiramente mais do que o esperado pelos analistas, aumentando 2,7% em termos homólogos em julho, em comparação com 2% em junho.

O porta-voz do gabinete, Liu Aihua, afirmou que a recuperação do consumo será ainda mais consolidada, tendo em conta as recentes políticas governamentais destinadas a estimular as compras pelas famílias.

No mês passado, Pequim anunciou planos para utilizar 150 mil milhões de yuan (19 mil milhões de euros) de dívida pública para financiar trocas de bens de consumo, como eletrodomésticos e automóveis.

O consumo contribuiu com cerca de 60% do crescimento económico da China no primeiro semestre do ano e espera-se que venha a assumir um papel ainda mais importante no apoio à segunda maior economia do mundo. As exportações, tradicionalmente o motor mais forte do crescimento económico da China, estão a ser atenuadas pelas fricções com os Estados Unidos, Europa e outros países.

Relativamente ao desemprego urbano - um problema delicado para o Partido Comunista Chinês - Liu disse que o aumento de 0,2% em relação ao mês anterior se deveu ao impacto causado pela conclusão dos estudos de milhões de universitários.

O investimento no setor imobiliário caiu 10,2%, em termos homólogos, nos primeiros sete meses do ano, depois de ter diminuído 10,1%, no período entre janeiro e junho.

A queda prolongada do mercado imobiliário chinês, depois de as autoridades reguladoras terem reprimido o endividamento excessivo dos promotores imobiliários, desencadeou uma reação em cadeia que fez baixar as vendas e os preços da habitação e atingiu muitos outros setores da economia, como a construção, os materiais de construção e os eletrodomésticos.

Preços das casas novas caem pelo 14.º mês consecutivo

Os preços das casas novas na China caíram pelo 14.º mês consecutivo em julho, embora com um ritmo de queda menor do que em junho, na sequência de medidas de apoio ao setor.

Os preços em 70 cidades selecionadas caíram 0,65% em relação ao mês anterior, de acordo com cálculos feitos com base nos números divulgados pelo Gabinete de Estatística da China, que em junho tinham refletido uma contração de 0,67%.

Entre as localidades mencionadas, 66 registaram reduções nos preços das casas, em comparação com 64, em junho, e apenas duas, Xangai e Xi'an, registaram aumentos.

Relativamente aos imóveis usados, 67 entre as 70 cidades registaram descidas.

Os números do Gabinete de Estatísticas chinês também indicam um declínio mensal de 0,8% no preço da habitação em segunda mão em julho, depois de ter caído 0,85% no mês anterior.

Em maio, as autoridades chinesas lançaram um vasto pacote de medidas para tentar reanimar o setor imobiliário, com cerca de 42,25 mil milhões de dólares (mais de 38 mil milhões de euros) em empréstimos para projetos de habitação subsidiada ou a redução da entrada exigida para a compra de casas, instando também as administrações locais a comprarem terrenos não urbanizados ou propriedades novas não vendidas.

Desde então, muitas cidades também anunciaram medidas para facilitar a compra de casas, incluindo algumas das maiores do país, como Xangai, Shenzhen e Cantão.

Os dados da agência estatística mostraram ainda que, até julho, as vendas comerciais medidas pela área útil caíram 18,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Este indicador já tinha registado uma quebra de 24,3% em 2022 e de mais 8,5% em 2023.

Uma das principais causas do recente abrandamento da economia chinesa é precisamente a crise no setor imobiliário, cujo peso no produto interno bruto (PIB) do país, somando fatores indiretos, é estimado em cerca de 30%, de acordo com alguns analistas.

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