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China pode crescer mais 40 anos? Quem viveu o “boom” tem dúvidas

A reforma económica e o seu poder de impulsionar a economia da China não está a gerar consensos.

25 de Dezembro de 2018 às 13:00
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As opiniões sobre os próximos 40 anos de "reforma e abertura" da China têm muito a ver com os benefícios obtidos nos primeiros 40. Um grupo diverso de cidadãos - jovens e idosos, ricos e pobres, trabalhadores e reformados - deu opiniões divergentes sobre a política antes do discurso do presidente Xi Jinping pelo 40.º aniversário do período.

 

Os sentimentos destes cidadãos em relação às reformas históricas realizadas por Deng Xiaoping e a confiança no futuro da China mostraram grande ligação com o aumento das suas fortunas económicas como resultado dessa abertura. Apesar de as políticas terem tirado mais de 700 milhões de pessoas da pobreza, a crescente desigualdade de riqueza está a tornar-se uma questão cada vez mais problemática para os líderes chineses. E no momento em que o país lida com a desaceleração económica e a guerra comercial com os EUA - até mesmo os que foram bem-sucedidos graças às reformas de Deng mostraram cautela ao responder se o crescimento pode ser sustentado.

 

Faca de dois gumes

Com a reforma da China, Zhi Xinggen, antes produtor de arroz, tornou-se empreendedor e tem uma fábrica de peças de automóveis na sua cidade, na província de Jiangsu. "Os agricultores das cidades vizinhas já não se preocupam em pôr comida no estômago, e alguns estão ricos graças à reforma", disse Zhi, que está na casa dos 60 anos e é dono de uma pequena fábrica.

 

Mas o progresso foi uma faca de dois gumes, alcançado com o "custo da poluição ambiental" e muitas quintas desapareceram. O progresso foi prejudicado pela desaceleração económica do país, já que a fraca procura interna, o aumento do custo da mão-de-obra e a dificuldade de acesso a empréstimos bancários dificultam a expansão dos seus negócios.

 

"Melhor ainda"

Mi Ruiliang, funcionário público reformado, disse que as mudanças alcançadas com a reforma são "como um sonho".

 

"Antes, o entretenimento era assistir sempre aos mesmos filmes, às mesmas óperas, sempre, sempre. Tudo era racionado, faltava de tudo", disse. "Acho que as coisas serão ainda melhores nos próximos 40 anos sob a liderança de Xi. É por isso que os americanos estão tão preocupados."

 

"Deixado para trás"

Um mecânico de bicicletas chamado Hou conta uma história diferente. Hou, que preferiu não revelar o seu nome completo, tem uma oficina de arranjos de bicicletas nos hutongs de Pequim - bairros tradicionais feitos de becos estreitos e casas precárias - que existe há cerca de 80 anos. O pai abriu a oficina antes da revolução comunista de 1949 praticamente eliminar as empresas privadas na China.

 

"Esta reforma e abertura foi como dar um passo para a frente e outro para trás", disse Hou. "Os poderosos e os espertos puderam realmente enriquecer. Os outros ficaram para trás."

 

Rural vs urbano


Qin Jiner, de 50 anos, disse que os benefícios da reforma foram muito mais sentidos nas cidades maiores do que na sua pequena cidade, na província de Hebei. Qin Jiner ganha três vezes mais a trabalhar em limpezas em Pequim do que os membros da sua família que plantam milho e trigo na cidadezinha. A colheita deste ano rendeu apenas 7.000 yuans (1.014 dólares), já que os preços dos cereais caíram.

 

"Ainda não há aquecimento na nossa cidade e os agricultores não ganham reforma, como os habitantes das cidades, quando envelhecem", disse Qin. Após décadas de reforma, "a geração mais jovem quer morar nas cidades, não gosta do campo."

 

(Texto original: Can China Boom 40 More Years? Those Who Lived It Aren’t Sure)

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