A situação política, económica e social agrava-se a cada dia que passa na Venezuela. O El País avança esta terça-feira, que um grupo de ex-funcionários do Governo de Hugo Chávez, incluindo antigos ministros, deram ontem uma conferência de imprensa para exigir a convocação, ainda para este ano, de um referendo revogatório (que pode decidir a revogação do mandato do presidente) contra Nicolás Maduro (na foto).

"O referendo revogatório, além de ser um direito constitucional, é também uma saída pacífica para a crise política do país", assinalou Ana Elisa Osorio, antiga ministra do Ambiente de Chávez, citada pelo El País.

Segundo a mesma fonte, dada a grave crise socio-económica e de governabilidade que atravessa a Venezuela, vários sectores da oposição têm apelado à realização de um referendo revogatório contra o actual presidente. A realização destes referendos está prevista na Constituição do país desde 1999. Além disso, este recurso foi usado já em 2004. Na altura, o presidente era Hugo Chávez, que venceu o referendo.

Viagens para a Colômbia

Centenas de venezuelanos têm cruzado a fronteira com a Colômbia. Pela terceira vez no ano, o presidente Nicolás Maduro autorizou a abertura das fronteiras com a vizinha Colômbia para que a população possa comprar bens essenciais como arroz e champô.

A Bloomberg relata que "parece que foi ordenado às forças de segurança colombianas que lancem uma ofensiva de charme", rindo-se para a população que atravessa a fronteira e dizendo "bem-vindos à Colômbia". Yorcy Exposito, uma das pessoas que cruzou a fronteira, disse à agência noticiosa: "éramos uma nação que era super rica e agora olhe para nós". "O nosso Governo precisa de sair e não regressar. Eles humilham-nos", acrescenta.

O Wall Street Journal, num artigo do passado dia 17, revela vários casos de pessoas que entraram na Colômbia com o objectivo de comprarem bens de primeira necessidade. Só no passado sábado terão entrado no país, oriundos da Venezuela, 35 mil pessoas, segundo as autoridades locais, citadas pelo jornal. No domingo à noite, a contagem já superava as 88 mil pessoas.

A publicação norte-americana sustenta que as multinacionais presentes na Venezuela estão a deixar o país, "a inflação é a maior no mundo e os medicamentos e bens alimentares são difíceis de comprar".

Por outro lado, e de acordo com as afirmações de comerciantes colombianos, a surpresa é grande. "Estou surpreendido com a quantidade do que compram, com o bolívar [moeda local] tão desvalorizado", disse ao WSJ Nelson Galvis, comerciante.