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Trump: Presidente com licença para twittar

Depois de dias de disciplina, Donald Trump voltou a ter acesso à sua conta pessoal de Twitter após as eleições. Numa semana, o Presidente eleito já criticou manifestações, o New York Times e deixou elogios ao sistema eleitoral que tinha criticado fortemente há quatro anos.

Reuters
16 de Novembro de 2016 às 12:45
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Nos últimos dias da campanha presidencial, foi noticiado que a equipa de Donald Trump o proibiu de utilizar o Twitter (pelo menos tão informalmente como ele costuma usá-lo). No entanto, agora que a vitória nas eleições presidenciais norte-americanas está garantida, o milionário voltou a dar ao dedo naquela rede social.

 

O primeiro tweet do Presidente eleito foi relativamente inofensivo, manifestando a sua felicidade pelo resultado das eleições. "Que linda e importante noite! Os homens e mulheres esquecidos nunca mais o serão outra vez. Vamos todos unir-nos como nunca antes."



Mas logo no dia a seguir, os tweets começaram a ser um pouco mais estranhos para alguém que estará em breve sentado na Sala Oval. À medida que os protestos nas ruas contra a sua eleição aumentavam em número e em volume, Trump acusou os organizadores de serem "manifestantes profissionais" que estão a ser "incitados pelos media". "Muito injusto!" Horas depois, o republicano tentou corrigir a mensagem anterior. Afinal, Trump "adora" este "pequeno grupo de manifestantes" pela "paixão" que estão a demonstrar pelo país. "Vamos unir-nos e ficar orgulhosos!"



Trump também já usou a rede social para transmitir uma mensagem da qual o actor Charlie Sheen estaria orgulhoso. "Vamos ganhar, ganhar, ganhar!"  


Mais preocupante são os recados aos media. A campanha de Donald Trump sempre teve uma relação tumultuosa com a comunicação social, mas é possível que essa fricção se estenda por estes quatro anos de Presidência. No domingo, Trump decidiu escrever que o New York Times (NYT) estava a perder "milhares de assinantes" devido à "má" cobertura que fizeram da sua campanha. O tweet motivou até uma resposta do jornal no mesmo fórum.

Contudo, o Presidente eleito não desistiu do tema: questionou-se sobre se o NYT mudaria de atitude no futuro e acusou o jornal de mentir sobre uma posição sua sobre armas nucleares. "O NYT diz hoje que DJT [Donald J. Trump] acredita que "mais países deveriam ter armas nucleares". São tão desonestos. Eu nunca disse isso!"



Ainda no domingo, Trump apresentou a sua explicação para ter ganho as eleições: o segundo e o terceiro debate, os discursos, a intensidade dos comícios e os seus "GRANDES APOIANTES". E para aqueles que argumentam que Hillary Clinton ganhou o voto popular, Trump responde que, se quisesse, também o poderia ter conseguido. "Se a eleição fosse baseada no voto popular, eu teria feito campanha em Nova Iorque, Florida e Califórnia e ganho ainda por mais e mais facilmente."



Ainda sobre este tema, ontem o republicano quis também deixar um elogio ao sistema eleitoral norte-americano, em que o candidato mais votado em cada Estado arrecada na totalidade o número de votos do colégio eleitoral correspondente a esse mesmo Estado. O que significa que, na totalidade do país, um candidato pode ter maior percentagem do voto nacional, mas perder a eleição, como aconteceu agora com Hillary Clinton e com Al Gore em 2000. "O Colégio [eleitoral] é genial na forma como chama a jogo todos os Estados, incluindo os mais pequenos."



Muitos media foram rápidos a apontar a incoerência do Presidente eleito. Em 2012, quando Barack Obama venceu Mitt Romney, durante alguns momentos pareceu que este poderia perder o voto popular e ganhar o colégio (na realidade, Obama acabou por vencer ambos). Nessa altura, Donald Trump não achava piada nenhuma ao colégio eleitoral. 


Essa noite trouxe uma chuva de tweets por parte do milionário. Alguns deles foram entretanto apagados, mas diziam ser necessária uma "revolução" e "marchar até Washington", porque Obama "perdeu o voto popular por muito". "Mais votos resultam numa derrota… revolução!" Este é um "screen shot" da New York:




Ontem à noite e hoje de manhã, o Presidente eleito negou algumas das histórias que têm circulado, nomeadamente o seu pedido para que os filhos tenham acesso a documentos secretos. Mas grande parte da sua atenção foi dedicada novamente ao New York Times. A campanha de Donald Trump foi sempre bastante permeável a fugas de informação para a comunicação social. Hoje, o NYT escreve que as demissões na equipa de transição de Trump a deixaram numa autêntica confusão e que os líderes internacionais estão a ter dificuldades em contactá-lo na Trump Tower. Trump nega.

"O NYT está apenas chateado porque pareceu idiota na cobertura que fizeram de mim", escreveu, chamando constantemente ao jornal "failing NYT" (algo como "NYT em queda"). Mas outras notícias nos últimos dias também relatam a falta de preparação do republicano e da sua equipa, assim como os nomes que estão a ser considerados para a Administração. Estes são os últimos tweets:


Este artigo teve de ser actualizado duas vezes antes de ser publicado e é possível que, quando ler estas linhas, já haja mais actividade para reportar.
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