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Trump, o aprendiz que vai ser mestre na Casa Branca

A estrela do “reality show” “O Aprendiz” deu um espectáculo mediático durante a campanha presidencial. Contra todos, Trump venceu a corrida à Casa Branca. Na hora da vitória fez um discurso apaziguador, prometendo ser “o presidente de todos os norte-americanos”.

Reuters
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Donald John Trump é o próximo Presidente dos Estados Unidos. Contra as projecções demográficas, contra as sondagens, contra os media "mainstream" e até contra o seu próprio partido, o milionário venceu a corrida à Casa Branca.

Na hora da vitória, Trump, que passou os últimos meses a criar inimigos e a proferir frases incendiárias, resolveu ser consensual. "Serei o presidente de todos os norte--americanos", garantiu. Por exemplo, durante a campanha, prometeu mandar prender a sua rival, a candidata democrata Hillary Clinton. Agora, aparentemente, passou uma esponja sobre o assunto. "Ela lutou muito, trabalhou muito ao longo de muitos anos e temos uma grande dívida para com ela e para com o serviço que prestou ao nosso país. Digo-o com sinceridade", afirmou.

Para a história desta campanha ficam ideias que mostram uma natureza conflituosa. "É tempo de sermos mais duros com os chineses devido à manipulação da sua moeda e à espionagem", "só estou interessado na Líbia se ficarmos com o petróleo" e "quando o México envia as suas pessoas [para os EUA], não está a mandar os melhores, mas sim cidadãos com muitos problemas. Estão a enviar drogas. Estão a enviar crime. São violadores". Três exemplos de que a contenção verbal não é um traço de carácter do futuro inquilino da Casa Branca.

Pelo contrário. Donald  Trump, nascido a a 14 de Junho de 1946 em Queens, Nova Iorque, é um homem de excessos e venceu esta eleição nos seus próprios termos. Os da megolomania. "Comigo na Casa Branca o país voltará a ser grande e coleccionará vitórias. Serei o maior Presidente para a criação de postos de trabalho que Deus já criou", declarou em Julho de 2015 quando se apresentou como candidato presidencial. Muitos pensaram que o facto de ter hostilizado desde o primeiro minuto os imigrantes mexicanos poderia impedi-lo de chegar à Casa Branca nuns EUA onde o voto latino tem estado a disparar. Trump superou essas ameaças demográficas, saltou por cima dos adversários republicanos, venceu o mano-a-mano com a rival democrata - que até achava que ele seria o melhor nomeado para garantir uma vitória democrata em Novembro -, resistiu aos abandonos do seu próprio partido, ao senso comum político que os seus conselheiros mais próximos lhe tentavam transmitir e destruiu por completo as sondagens, mesmo as que foram feitas à boca das urnas.

Na política, repetiu o modelo seguido na sua vida empresarial, o de olhar para a frente, desvalorizando o que ficou atrás. Foi por isso que na primeira falência da sua organização, em 1991, teve de vender uma companhia aérea, a Trump Shuttle, e um iate, o Trump Pricess, para saldar uma dívida de 900 milhões de dólares. Nas três seguintes, em 1992, 2004 e 2009, aproveitou a lei, pressionando os credores a aceitarem planos de reestruturação e o seu apelido, transformado em marca valiosa, foi aum activo utilizado durante estes processos.

Quando Hillary Clinton, no debate presidencial de 27 de Setembro o confrontou com este facto e ainda com os de não pagar a fornecedores e fugir ao pagamento de impostos, Trump mostrou, de novo, a sua natureza egocêntrica. "Isso faz de mim esperto. Eu aproveito as leis do país. A minha obrigação é fazer o melhor para mim próprio, para a minha família, os meus empregados, as minhas empresas", ripostou.

Apesar das falências, a realidade é que Donald Trump é um homem rico. A revista Forbes coloca-o na 156ª posição dos milionários, com uma fortuna avaliada em 3,7 mil milhões de dólares (3,3 mil milhões de euros).

Trump sempre foi atraído pelos holofotes do mediatismo. Descobriu o poder dos media quando se divorciou da primeira mulher, Ivana, em 1990, uma separação durante a qual trocaram acusações através dos jornais. O caso acabou com a dupla a fazer anúncios para a Pizza Hut, transformando o divórcio numa forma de fazer dinheiro. Mais tarde, em 2004, foi apresentador do "reality show" "O Aprendiz", um concurso com 18 candidatos cujo prémio para o vencedor era um emprego numa das suas empresas. Ficou célebre a sua tirada "está despedido" para informar os concorrentes que tinham sido eliminados.

O que disse na hora da vitória

Após ter ameaçado Hillary Clinton de que a mandaria prender caso fosse eleito Presidente, Donald Trump elogiou a candidata democrata durante o seu discurso de vitória, considerando que o país tem "uma grande dívida para com ela".

"Ela [Hillary] lutou muito, trabalhou muito ao longo de muitos anos e temos uma grande dívida para com ela e para com o serviço que prestou ao nosso país. Digo-o com sinceridade."

"Quero dizer ao mundo que vamos colocar sempre os interesses da América em primeiro lugar. Mas que vamos trabalhar com todos de forma justa."

"Temos um grande plano económico. Vamos duplicar o nosso crescimento
e ter a economia mais forte do mundo."




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