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Trump arranca mandato com mais derrotas do que vitórias

Cumprido o primeiro de quatro anos do mandato presidencial, Donald Trump teve escassas vitórias legislativas. Ainda assim, conseguiu cumprir algumas das mais emblemáticas promessas. Insuficiente para fazer de Trump um presidente popular.

Investigação a ligações à Rússia

Investigação a ligações  à Rússia
Indiferente aos inúmeros desmentidos e à decisão presidencial de demitir James Comey da chefia do FBI, quando já estavam sob investigação as alegadas ligações de Trump a Moscovo, a justiça americana prossegue o seu caminho. Há vários elementos próximos do presidente, como o filho e o genro ou o já demitido conselheiro Michael Flynn, implicados numa alegada conspiração com o Kremlin. O fumo adensa-se.

Muro ainda sem betão

Muro ainda sem betão
Foi uma das principais e mais polémicas promessas feitas na campanha para a Casa Branca. Trump prometia construir um "muro espectacular" na fronteira com o México, país presidido por Enrique Peña Nieto, e garantia que seria este país a pagar os custos da construção. Até agora não foi ainda erguido nenhum centímetro novo de betão e os quilómetros de muro que existem foram construídos ao longo das últimas décadas.

Revogar e substituir o Obamacare

Revogar e substituir o Obamacare
Mesmo com maioria republicana no Congresso, Trump não conseguiu revogar o Obamacare. Reduziu os subsídios às seguradoras, dificultando o acesso a seguros de saúde pelas classes com menos recursos, e assinou um decreto cuja consequência é o aumento do prémio dos planos de saúde dos já doentes. Porém, não revogou nem substituiu o Obamacare.

Maioria no Senado mais estreita

Maioria no Senado mais estreita
A derrota do republicano Roy Moore - que apesar de acusado de abuso sexual a menores teve o apoio de Trump - nas eleições para o Senado no Alabama, tornou Doug Jones o primeiro democrata, em 25 anos, a vencer naquele Estado. Este resultado estreita a maioria republicana no Congresso, que é agora de 51 em 100, e reforça as possibilidades dos democratas recuperarem a maioria nas intercalares de Novembro.

Guerra de ameaças com Pyongyang

Guerra de ameaças com Pyongyang
O politicamente incorrecto de Trump ganhou ainda maior expressão ao nível diplomático. Perante a ameaça do programa nuclear da Coreia do Norte, Trump enveredou numa escalada retórica com Kim Jong-un, a quem chamou "rocket man". Ao invés de acalmar a tensão na península coreana, Trump agravou-a, com Pyongyang a repetir lançamentos de mísseis.

Via aberta para Moscovo na Síria

Via aberta para Moscovo na Síria
A forma como Trump geriu a crise síria reforçou a capacidade de acção da Rússia na região. Ao concentrar todos os esforços no combate ao Daesh, permitiu que o presidente sírio al-Assad, aliado de Moscovo, reconquistasse o controlo do país. Além de abrir a porta para que a Rússia seja determinante no futuro da Síria, deixou a maioria sunita nas mãos da al-Qaeda, que está a recuperar força e capacidade de acção.

China lidera a globalização

China lidera a globalização
O proteccionismo e unilateralismo advogados por Trump permitiram à China assumir a liderança do processo da globalização. No ano passado, em Davos, o presidente chinês Xi Jinping não enjeitou esse papel. E no congresso do PCC, em Outubro, Jinping confirmou que a China pode ser exemplo para outros Estados que queiram "acelerar o seu desenvolvimento e em simultâneo preservar a sua independência".

O anti-multilateralismo

O anti-multilateralismo
Em Janeiro de 2017, Trump ordenou a retirada dos EUA do Acordo Transpacífico (TPP). E ainda esta semana reiterou que acabar com a NAFTA (EUA-Canadá e México) resultará num "melhor acordo" para os EUA. Apesar da oposição ao multilateralismo, Trump assumiu que afinal a NATO não é obsoleta e até encontrou méritos na acção da ONU.

"Travel ban" só à terceira

'Travel ban' só à terceira
Esta é, para já, uma "meia-vitória" do presidente americano, que só à terceira ordem executiva viu o Supremo Tribunal permitir a entrada em vigor da proibição de entrada nos EUA de cidadãos oriundos de um conjunto de países, a maior parte de maioria muçulmana. Contudo, os tribunais de instâncias inferiores que inviabilizaram as duas primeiras ordens de "travel ban" ainda estudam a legalidade desta medida.

Pior acordo rasgado

Pior acordo rasgado
Como candidato, Trump disse que o acordo sobre o programa nuclear iraniano foi "o pior acordo da história dos acordos". Não espantou, portanto, que em Outubro o presidente dos EUA não tenha certificado o cumprimento do acordo por parte de Teerão. Apesar de tal não ser ainda o repúdio do compromisso, o Irão já está a sofrer com a paralisação do investimento externo.

Desfazer as regras financeiras

Desfazer as regras financeiras
Trump desfez o pacote de medidas adoptado por Barack Obama (Dodd-Frank Act) com o objectivo de regular as actividades do sistema financeiro que haviam provocado a crise financeira de 2007-08. Entre as medidas para desmantelar a estrutura regulatória, consta a restrição da acção do Gabinete de protecção financeira dos consumidores.

Vitória contra as alterações climáticas

Vitória contra as alterações climáticas
Céptico do impacto da acção humana nas alterações climáticas, Trump tinha avisado ao que vinha e cumpriu. Depois de escolher um homem do sector petrolífero (Scott Pruitt) para liderar a Agência de Protecção Ambiental (EPA), assinou ordens executivas que anularam regulações ambientais da era Obama e promoveu o aumento da produção de energia a partir de combustíveis fósseis. A culminar, em Junho retirou os EUA do Acordo de Paris sobre Alterações Climáticas.

Maior reforma fiscal em 30 anos

Maior reforma fiscal em 30 anos
Donald Trump prometeu uma revolução fiscal assente num enorme corte de impostos. E apesar de o processo ter sido moroso e repleto de reveses, incluindo a oposição de vários senadores republicanos, o essencial da diminuição de impostos preconizada pela proposta inicial de Trump acabou aprovada no Congresso, entrando em vigor em 2018. Os analistas dizem ser a maior reforma fiscal em 30 anos.
20 de Janeiro de 2018 às 15:00
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Há um ano, quando Donald Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos, persistia uma dúvida central: iria o magnata mudar tudo e desafiar todas as regras vigentes ou poderia a Casa Branca ter um efeito normalizador capaz de lhe atribuir um perfil presidencial.

Volvidos 12 meses, parte da dúvida está desfeita. Trump promoveu uma governação que foi tudo menos ordinária. Redefiniu a presidência e infringiu todas as normas, recorrendo a ataques e insultos que desagregaram ainda mais a já polarizada sociedade norte-americana.

Já as mudanças prometidas pelo presidente "anti-establishment" nem sempre se concretizaram, ou apenas parcialmente. Trump não foi o agente da mudança do sistema. Pelo contrário, foi aliado de poderosos sectores (financeiro e petrolífero), onde promoveu algumas das maiores alterações, como a desregulamentação financeira ou a recolocação dos EUA no paradigma dos recursos fósseis.

No plano externo, o proteccionismo e anti-multilateralismo de Trump encontraram par na vontade da China assumir a liderança do mundo global, o que diminui e fragiliza o papel dos Estados Unidos numa ordem internacional cada vez mais desordenada e multilateral.

Mas nem tudo foi mau para Trump. Foi sob a batuta do actual presidente que a maior economia mundial reforçou quase todos os indicadores e que foi aprovada a maior reforma fiscal em 30 anos.

Neste contexto, Trump completa o primeiro ano do mandato presidencial com a pior taxa de popularidade quando comparada com os últimos sete presidentes.


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