Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Barack Obama já tem a sua Grécia: Porto Rico

É a Grécia que anda na boca do mundo, mas nas Caraíbas há uma ilha que diz que não consegue pagar a sua dívida pública. Chama-se Porto Rico.

A carregar o vídeo ...
Inside Puerto Rico's Debt Problem
Negócios 29 de Junho de 2015 às 20:40
  • 10
  • ...

Numa altura em que os olhos do mundo estão centrados no possível "default" grego, há uma pequena ilha nas Caraíbas que acaba de assumir que não consegue pagar a sua dívida.

A ilha de Porto Rico está afogar-se numa dívida de 72 mil milhões de dólares, "numa crise sem precedentes", descreve uma ex-dirigente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, Anne Krueger. Estado Livre Associado, Porto Rico é autónomo, mas depende dos EUA. E por isso, enquanto Commonwealth, a ilha não pode falir.

"A dívida é insustentável. Não há outra opção. Isto não é política. É matemática", explicou Alejandro García Padilla, governador de Porto Rico, numa entrevista ao New York Times (NYT). García Padilla garante que o governo "está a fazer de tudo para não entrar em default", mas é preciso incentivar o crescimento económico. "Se não o fizermos entraremos numa espiral mortal", garante.

 

Gerida por um governador e uma assembleia eleitos pela população local, mas sob soberania americana, a ilha com 3,6 milhões de habitantes já acumulou mais divida em títulos municipais per capita do que qualquer outro Estado americano, escreve o NYT. O jornal americano destaca ainda que um dos maiores problemas é o número de norte-americanos com obrigações e títulos municipais. Este mercado de títulos, ao qual as cidades e Estados recorrem para pagar construções de obras públicas, como estradas e hospitais, já tinha entrado em falência em Detroit e na Califórnia.


O relatório dirigido por Anne Krueger sugere a reestruturação da dívida e a redução drástica de salários, prestações sociais e despesa pública, em dois mil milhões de dólares por ano (20% do orçamento). É também proposta a elaboração de um plano fiscal a vários anos, a criação de uma supervisão independente e a elaboração urgente de estatísticas fiáveis. A equipa de economistas critica a quantidade de isenções e perdões fiscais, que são aprovados regularmente, uma vez que estas desincentivam o pagamento de impostos. 

García Padilla, governador desde 2012, justifica que não pode continuar a pedir dinheiro emprestado enquanto coloca nos ombros dos porto-riquenhos, que já estão a lutar contra os altos níveis de crime e pobreza, o aumento de impostos e cortes de pensões.

Para o governador, os credores devem "partilhar os sacrifícios", uma vez que a economia vai piorar e haverá menos dinheiro para lhes pagar.

O governador e representante do Partido Democrata explicou ao NYT que quando chegou à cadeira de governador tentou balançar a situação fiscal com medidas de austeridade e novos empréstimos. Mas depressa percebeu que a ilha estava presa num ciclo vicioso de empréstimos utilizados para tentar equilibrar o orçamento.

Em Washington, o Governo de Porto Rico tem tentado tornar legalmente possível que as empresas públicas, detentoras de cerca de 25 mil milhões da dívida, possam declarar bancarrota. Outras vozes avisaram o Congresso americano de que o Porto Rico deve declarar falência, a fim de evitar o caos. Se o Porto Rico entrar em "default", os investidores podem recorrer à protecção oferecida pelo capítulo 9 do Código de Falências dos Estados Unidos da América, que permitirá aos investidores recuperar pelo menos parte de seu dinheiro.

Ver comentários
Saber mais Porto Rico EUA FMI bancarrota Grécia García Padilla Estados Unidos da América dívida default
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio