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Desta vez, Trump ameaça retirar os Estados Unidos da OMC
Depois de ter avisado que Washington poderia não corresponder à protecção automática prevista pelo tratado da NATO, agora Donald Trump veio ameaçar retirar os Estados Unidos da Organização Mundial do Comércio (OMC).
O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos ameaçou este domingo retirar o país da Organização Mundial do Comércio (OMC) caso esta se oponha ao plano de Donald Trump de repatriamento de empregos. Em entrevista à NBC, Trump avisou que os Estados Unidos poderiam abandonar a OMC se o seu plano para recuperar fábricas deslocalizadas no México for desafiado.
Trump disse mesmo que poderia aplicar uma taxa de imposto de 15% a 35% às empresas norte-americanas que se deslocalizaram para o México e, cita o FT, questionado sobre se tal medida não contraria as disposições do OMC, o multimilionário garantiu que "isso não interessa. Nesse caso renegociamos ou abandonamos [a OMC]. Estes acordos de comércio são um desastre, a OMC é um desastre".
O polémico multimilionário deixou também críticas à União Europeia (UE), que garante ter sido criada em grande medida para competir com os Estados Unidos ao nível do comércio internacional. "A razão que justificou a sua união foi criar uma espécie de consórcio para competir com os Estados Unidos", argumentou.
Trump insistiu assim num discurso antiglobalização e de oposição ao comércio livre que caracterizou a sua campanha para a nomeação enquanto candidato presidencial republicano. Noutras ocasiões Donald Trump já tinha ameaçado retirar os Estados Unidos do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA, na sigla inglesa) e reforçar as taxas aduaneiras sobre as importações de bens chineses.
Nesta curta entrevista Donald Trump reiterou também as afirmações feitas na semana passada a propósito do papel dos Estados Unidos na NATO. Se for presidente dos Estados Unidos, Trump garante que Washington avaliará casuisticamente a cláusula de solidariedade da aliança atlântica que pressupõe que se um Estado da organização for atacado os restantes aliados devem responder em seu auxílio.
Tendo em conta que a generalidade dos aliados do Tratado do Atlântico Norte não cumpre a contribuição mínima de 2% do PIB de financiamento da NATO, Trump garante que mesmo accionado o artigo 5 do tratado da aliança atlântica Washington teria de avaliar previamente o cumprimento das contribuições do Estado em causa.
"Actualmente, se um país for invadido e não tiver pago toda a gente diz: ‘Ah, mas nós temos um tratado’. Na verdade ele também têm um tratado. É suposto que pague. Temos países no seio da NATO que estão a tirar partido de nós", acusou.
As declarações de Trump sobre a aliança atlântica suscitaram a reacção do ainda presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que, numa entrevista concedida à CBS no passado domingo, considerou a posição do candidato republicano sobre a NATO como uma "indicação da sua falta de preparação patente de cada vez que tem de falar de política externa".
A resposta de Trump a Obama surgiu, de forma indicreta, via Twitter. Donald Trump agradeceu o apoio à sua candidatura anunciado pelo meio-irmão do presidente norte-americano, Malik Obama. Malik disse "gostar" de Donald Trump "porque fala do coração".
Wow, President Obama's brother, Malik, just announced that he is voting for me. Was probably treated badly by president-like everybody else!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 24 de julho de 2016