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Com Trump na Casa Branca, empresários na Web Summit preferem esperar para ver
No Web Summit, em Lisboa, os empresários estão sobretudo surpreendidos com a vitória de Donald Trump. Alguns confiantes de que o republicano não mudará o rumo dos Estados Unidos. Outros com algum receio do que está para vir.
Nos bastidores do Web Summit, em Lisboa, as conversas sobre a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos ouvem-se aqui e ali. Mas o tema não rouba a atenção dos participantes, focados nas oportunidades do mega evento de tecnologia e inovação.
Entre os empreendedores, o sentimento é, sobretudo, de surpresa. Quanto ao futuro da maior economia do mundo, preferem esperar para ver.
"Precisamos de esperar para saber se [Trump] vai ficar agarrado às ideias que tem vindo a defender", diz Karthik Arumugam, gestor da TRIPR, uma start-up do Luxemburgo. "Não estou preocupado, mas estou incrivelmente surpreendido".
Alexander Egorov, um empreendedor de Moscovo, também foi apanhado de surpresa com o veredicto dos norte-americanos. "Pensava que Hillary Clinton ia vencer. Nunca pensei que Trump ganhasse. Não espero grandes mudanças, mas vemos ver coisas interessantes a acontecer. Ele não vai mudar tudo de repente, o sistema é tão grande", antecipa o CEO da GIFTD.
Aos norte-americanos presentes no Web Summit, o tema diz respeito de forma mais directa. É o caso de Robert Llanes, co-fundador da Wafer Messenger, que veio dos Estados Unidos para apresentar a sua start-up em Lisboa. Confessa que o resultado é "surpreendente" porque "contrariou as sondagens. No entanto, o empresário nâo vê motivos para preocupação.
"Não tenho medo de nada, o mundo vai continuar a girar, e tudo ficará bem. Vai ser só um pouco diferente. Vai haver um choque inicial, com medo do proteccionismo. Mas penso que nada disso vai acontecer, acho que está a ser tudo um pouco dramatizado. Sou um optimista", confessa.
Dos Estados Unidos – mais propriamente de São Francisco – veio também Alexander Holtermann, fundador e CEO da iCrowdU, uma plataforma dedicada ao financiamento.
"Penso que a questão é: será que vai ter um impacto para nós, no negócio? Eu, pessoalmente, acredito que não importa quem é o líder político. No nosso caso, o crowdfunding tem crescido de forma impressionante nos últimos tempos. Agora é mais fácil angariar fundos nos EUA, e isso também é do interesse do Partido Republicano", afirma.
O empresário, que tem nacionalidade alemã, acredita até que "os Estados Unidos como um todo podem beneficiar". "Internamente, pode criar-se o tipo de nacionalismo que tivemos no passado, na era de Reagan", concretiza. "Mas já estamos a ver a reacção do mercado, o dólar está a cair, por isso as pessoas não estão satisfeitas com este resultado".
Insatisfeita revela-se a italiana Elena Martella, CEO da ProNatives, que receia vir a ter um novo Berlusconi em Itália.
"Saímos da era de Berlusconi, e não posso dizer que estamos melhor agora, mas para mim foi uma sensação de vitória na mesma. Vi [na altura] esperança", confessa. "Mas este não é um bom sinal, sinto que estamos dar um passo para trás. Itália é muito influenciada pelos Estados Unidos e estou muito preocupada que venhamos a ter outro Berlusconi".