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Brasil recua 5,4% no primeiro trimestre
Dados do PIB surgem do dia em que a OCDE voltou a agravar a sua previsão. O Brasil será o país, entre 44 analisados, que mais recuará neste ano, antecipa a organização sedeada em Paris.
O PIB brasileiro encolheu 5,4% no primeiro trimestre de 2016 por comparação com o mesmo período do ano passado, sendo esta a oitava queda homóloga consecutiva. Já em relação ao último trimestre de 2015, a economia recuou 0,3%, revelou nesta quarta-feira, 1 de Junho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No acumulado dos quatro trimestres terminados no primeiro trimestre de 2016, o PIB registou uma queda de 4,7% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores " a maior da série histórica, iniciada em 1996", refere o comunicado do IBGE.
Ainda que os resultados do PIB confirmem a deterioração da economia que se prolonga há dois anos, o mercado estava esperando uma queda ainda maior. As projecções dos economistas consultados pela Bloomberg apontavam para um recuo homólogo de 5,9% e uma quebra em cadeia de 0,8%.
Para o economista Juan Jensen, da escola de negócios Insper, foram "menos maus" do que o esperado e já trazem sinais de melhoria da economia. Se antes o consenso era de que o PIB encerraria 2016 com uma queda de 3,8%, agora é possível esperar um tombo um pouco menor, mais próximo de 3%, disse citado pela edição brasileira do El País.
Estas previsões não coincidem, porém, com as da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), segundo as quais o Brasil deverá sofrer, neste ano, a maior queda do PIB entre as 44 economias analisadas pela instituição sedeada em Paris. Já em 2017, o Brasil deve ser o único da lista - que inclui os 34 países membros mais dez países "parceiros", entre os quais Índia, China e África do Sul - a registar uma nova retracção do PIB.
"A recessão profunda no Brasil deve continuar em 2016 e 2017 em um contexto de grande incerteza política e revelações contínuas de casos de corrupção que pesam sobre a confiança dos consumidores e das empresas e que provocam uma diminuição persistente da procura interna", refere a OCDE. "Se as incertezas em torno das políticas públicas se dissiparem mais rapidamente do que suposto e se houver um consenso em relação às reformas, então a confiança pode melhorar rapidamente e pode haver crescimento em 2017". Já se as divisões políticas permanecerem profundas "a instabilidade pode durar até 2018", acrescenta a organização.