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As pedras no sapato de Trump, segundo a Vanity Fair

A publicação sublinha uma série de negócios desenvolvidos pelo agora presidente-eleito e cuja legalidade poderá ser questionada antes e após a sua tomada de posse no próximo dia 20 de Janeiro.

Jonathan Ernst/Reuters
Negócios 21 de Dezembro de 2016 às 17:19
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Apesar de o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, já ter garantido que deixará a condução dos negócios do seu império empresarial nas mãos dos filhos, os sinais de possíveis conflitos de interesse mantêm-se a menos de um mês da tomada de posse como o homem mais poderoso do mundo.

A revista Vanity Fair, um dos ódios de estimação do candidato republicano vencedor das eleições de 8 de Novembro, elenca uma série de pedras que podem vir a encher o sapato de Trump nos próximos meses, sobretudo tendo em conta que as leis que regulam o comportamento dos presidentes são demasiado vagas.

Desde logo, vários legisladores democratas têm vindo a sugerir a existência de possíveis conflitos de interesse no que diz respeito à instalação do Trump Hotel em Washington DC. É que o hotel, a mais recente jóia do império Trump, fica num edifício arrendado ao estado federal e o contrato estabelece que não pode ser explorado por um membro eleito.

Por outro lado, o próximo presidente dos EUA não pode ficar com um pé fora e outro dentro dos negócios milionários da família após assumir o seu cargo político, sugerindo-se que saia totalmente do capital das empresas para não alimentar dúvidas sobre potenciais conflitos.


O republicano Newt Gingrich, conselheiro de Trump, sublinha as dificuldades do próximo presidente, afirmando que representam um "problema real": "Numa altura em que as pessoas estão convencidas de que a corrupção do governo está disseminada nos Estados Unidos e um pouco por todo o mundo, não se pode simplesmente encolher os ombros e passar ao lado", afirmou em entrevista à NPR.


Mas haverá mais. Na passada segunda-feira, 19 de Dezembro, o site ThinkProgress noticiou que a embaixada do Kuwait terá sido pressionada pela Trump Organization a cancelar um contrato com a cadeia hoteleira Four Seasons e transferir um evento em Washington do Georgetown Hotel para o Trump Hotel, a vários quarteirões de distância.


A mudança surgiu pouco depois de o Washington Post ter noticiado que o hotel de Trump estava a encorajar os diplomatas a realizarem os seus eventos no estabelecimento hoteleiro com o nome do presidente eleito. Há algumas semanas, o Politico avançava que também o Bahrain e Azerbeijão estariam entre as representações diplomáticas que tinham escolhido o hotel para os seus eventos de final de ano. 


A Vanity Fair reporta também um caso, no Texas, que envolve uma instituição de caridade liderada por dois filhos de Trump que oferecia algum tempo de proximidade com Donald Trump em troca de um milhão de dólares em donativos para instituições não especificadas. Os doadores, segundo a mesma publicação, teriam acesso a uma recepção privada e uma fotografia com o presidente eleito, assim como uns dias de caça e pesca com Eric e Donald Jr.

A publicação concede que Trump e a família ainda estejam a adaptar-se às novas circunstâncias, de ter entre os seus o líder da nação mais poderosa do mundo, quando talvez não tenha havido tempo para se prepararem para esse facto.

"Mas sabem quem é que tem de tomar permanentemente uma série de decisões realmente complicadas, inesperadas, e gravemente importantes sem beneficiar de algum tempo de adaptação? O presidente dos Estados Unidos," refere a Vanity Fair, aludindo à necessidade de resolver urgentemente os possíveis conflitos inconstitucionais emergentes de situações deste género antes mesmo de Trump se sentar na Sala Oval.

Além da Emoluments Clause - regras que ameaçam com a destituição de um líder dos EUA caso este aceite vantagens de terceiros -, a revista diz que há poucas leis a condicionar o comportamento dos presidentes, pelo que pede desde já transparência e uma separação de águas a Trump.

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