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ONU diz que Moçambique vai ter de reestruturar dívida

"Evidentemente que Moçambique vai ter de resolver o problema da dívida de uma forma mais rápida e espectacular e isto não vai ser possível sem fazer uma reestruturação de uma parte desta dívida", afirmou Carlos Lopes.

Reuters
06 de Julho de 2016 às 17:28
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O secretário-executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, Carlos Lopes, afirmou hoje em Maputo que Moçambique terá de resolver o problema da dívida de uma forma "mais rápida e espectacular", para vencer a actual conjuntura económica adversa.

"Evidentemente que Moçambique vai ter de resolver o problema da dívida de uma forma mais rápida e espectacular e isto não vai ser possível sem fazer uma reestruturação de uma parte desta dívida", afirmou Carlos Lopes, em declarações aos jornalistas, à saída de um encontro com o primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário.

A solução do problema da dívida, prosseguiu o guineense Carlos Lopes, passará por negociações directas envolvendo Governo, empresas estatais que beneficiaram de avultados empréstimos não declarados e credores.

"Esse é um dos remédios de curto-prazo, é evidente que o metical vai sofrer - aliás já está a sofrer -, até porque há uma volatilidade das moedas, que prejudica as moedas dos países em desenvolvimento", declarou o secretário-executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África.

Sublinhando que Moçambique tem um futuro promissor e vinha tendo um bom comportamento em termos de crescimento económico, Carlos Lopes defendeu a aposta na mobilização de recursos internos como motor do desenvolvimento do país e do continente.

"É preciso um determinado número de medidas que vão permitir restabelecer os indicadores necessários para a retoma, eu acho que Moçambique pode fazê-lo", frisou.

Para o secretário-executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, o continente tem de apostar numa melhor gestão da dívida, das reservas dos bancos centrais, remessas de emigrantes e de fundo de pessoas, como recursos indispensáveis ao crescimento.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e os doadores do Orçamento do Estado suspenderam este ano os seus apoios após a revelação da existência de 1,4 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros) em empréstimos garantidos pelo Governo a empresas participadas pelo Estado e que não foram declarados nas contas públicas.

Com a revelação dos novos empréstimos, a dívida pública de Moçambique é de 11,66 mil milhões de dólares (10,4 mil milhões de euros), dos quais 9,89 mil milhões de dólares (8,9 mil milhões de euros) são dívida externa.

Este valor representa mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) e traduz uma escalada de endividamento desde 2012, quando se fixava em 42%.

No final da visita de uma missão do FMI a Maputo, na sexta-feira, a instituição afirmou que Moçambique enfrenta desafios económicos difíceis e que se espera que o crescimento económico em 2016 reduza para 4,5%, contra de 6,6% em 2015, quase 3,3 pontos percentuais abaixo dos níveis históricos, com riscos substanciais de baixa nesta projecção.
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