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Augusto Santos Silva: "Parceria com Angola vai subir para um nível estratégico"
António Costa visita Angola esta segunda e terça-feira, uma deslocação que repõe a normalidade diplomática depois do caso Manuel Vicente. Em entrevista, Augusto Santos Silva diz que as relações bilaterais irão subir para um "nível mais alto".
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O ministro dos Negócios Estrangeiros, na Conversa Capital, entrevista conjunta do Negócios e Antena 1, diz que a visita de António Costa a Angola e a de João Lourenço a Portugal irão marcar "uma fase muito importante de intensificação do relacionamento bilateral entre Portugal e Angola".
A visita do primeiro-ministro a Angola só é possível porque o poder judicial decidiu remeter para Angola o processo relativo a Manuel Vicente?
Não diria assim. Do ponto de vista português, esta visita acontece agora porque só agora foi possível agendá-la com as autoridades angolanas. Para nós, o primeiro-ministro sempre esteve disponível para realizar esta visita a Angola. Esta foi a data possível que resultou da convergência de ambas as partes.
Enquanto este processo não foi remetido para Angola não havia abertura de Angola para agendar essa visita, é isso?
Angola sempre disse claramente que lhe parecia que todos os contactos com Portugal se iriam manter, com uma excepção: as visitas ao mais alto nível. O primeiro-ministro e o Presidente da Angola encontraram-se em Nova Iorque, Abidjan e em Davos, mas ainda faltava a realização da visita do primeiro-ministro a Angola e a realização da visita do Presidente angolano a Portugal. Neste momento, as datas são públicas e as duas visitas far-se-ão e marcarão uma fase muito importante de intensificação do relacionamento bilateral entre Portugal e Angola.
Qual a importância que o Governo dá neste momento a Angola na sua estratégia diplomática?
Diria que está entre as nossas prioridades. Por três razões essenciais. Do ponto de vista político-institucional, porque temos um relacionamento diplomático e uma convergência de acção e interesses na cena internacional que é absolutamente notável. Basta ver a importância que Angola teve no sucesso da candidatura do eng. António Guterres a secretário-geral das Nações Unidas. A segunda razão é que nós temos uma cooperação política e diplomática com Angola constante, quer no quadro das Nações Unidas quer no quadro da CPLP, e essa cooperação em muito reforça as posições e os interesses de ambos os países. E em terceiro lugar, nunca nos devemos esquecer de que Angola é neste momento o oitavo cliente de Portugal no que diz respeito ao comércio internacional de bens e serviços. Portugal é o segundo fornecedor de Angola e o décimo cliente de Angola, e para muitas centenas de empresas portuguesas, Angola é o único mercado de exportação.
Angola é o oitavo cliente de Portugal, já foi o quarto. Acha que é possível intensificar as exportações portuguesas para Angola e retomar os níveis que permitiram que Angola fosse o primeiro país extracomunitário na lista de clientes?
Sim. Diria que o nosso objectivo é a intensificação. Não sei se Angola tornará a ser o primeiro nos tempos mais próximos por uma razão simples: o nosso comércio com os EUA também tem crescido muito nos últimos anos e neste momento são o primeiro mercado extra-europeu e o quinto mercado português. Na minha opinião, há todas as razões para que o peso relativo cresça. Há um elemento muito importante e que define a característica da relação económica entre Portugal e Angola, esse elemento é a reciprocidade. É uma relação muito simétrica, muito equilibrada. Porque temos um peso muito importante de investimento português em Angola e para muitas empresas portuguesas que trabalham em Angola este é o mercado externo mais importante. Mas também temos ao mesmo tempo a presença de interesses angolanos em sectores muito relevantes da economia portuguesa, desde a banca à energia.
Falou da existência de interesses económicos em Portugal em sectores relevantes. Alguns desses interesses são protagonizados por Isabel dos Santos, que neste momento está em rota de colisão com o governo de Angola…
… Essa é uma matéria na qual eu não entro.
O que lhe perguntamos é se os interesses que Isabel dos Santos tem em Portugal serão respeitados?
Os interesses económicos de qualquer nacionalidade são respeitados e são bem-vindos em Portugal, cumprindo a lei portuguesa e a lei internacional.
O primeiro-ministro diz que se vive um momento auspicioso do relacionamento com Angola. O que é que isto significa?
Significa que, como vai ser claro durante a visita, nós vamos subir de nível no que diz respeito à nossa parceria com Angola. Em primeiro lugar, a nossa relação com Angola é uma relação de parceria, entre iguais, de países irmãos. É muito importante que todos tenhamos noção disso. E em segundo lugar nós vamos fazer subir o nível desta parceria para um nível propriamente estratégico, isto é, para um nível mais alto.
A visita do primeiro-ministro a Angola só é possível porque o poder judicial decidiu remeter para Angola o processo relativo a Manuel Vicente?
Não diria assim. Do ponto de vista português, esta visita acontece agora porque só agora foi possível agendá-la com as autoridades angolanas. Para nós, o primeiro-ministro sempre esteve disponível para realizar esta visita a Angola. Esta foi a data possível que resultou da convergência de ambas as partes.
Angola sempre disse claramente que lhe parecia que todos os contactos com Portugal se iriam manter, com uma excepção: as visitas ao mais alto nível. O primeiro-ministro e o Presidente da Angola encontraram-se em Nova Iorque, Abidjan e em Davos, mas ainda faltava a realização da visita do primeiro-ministro a Angola e a realização da visita do Presidente angolano a Portugal. Neste momento, as datas são públicas e as duas visitas far-se-ão e marcarão uma fase muito importante de intensificação do relacionamento bilateral entre Portugal e Angola.
Qual a importância que o Governo dá neste momento a Angola na sua estratégia diplomática?
Diria que está entre as nossas prioridades. Por três razões essenciais. Do ponto de vista político-institucional, porque temos um relacionamento diplomático e uma convergência de acção e interesses na cena internacional que é absolutamente notável. Basta ver a importância que Angola teve no sucesso da candidatura do eng. António Guterres a secretário-geral das Nações Unidas. A segunda razão é que nós temos uma cooperação política e diplomática com Angola constante, quer no quadro das Nações Unidas quer no quadro da CPLP, e essa cooperação em muito reforça as posições e os interesses de ambos os países. E em terceiro lugar, nunca nos devemos esquecer de que Angola é neste momento o oitavo cliente de Portugal no que diz respeito ao comércio internacional de bens e serviços. Portugal é o segundo fornecedor de Angola e o décimo cliente de Angola, e para muitas centenas de empresas portuguesas, Angola é o único mercado de exportação.
Angola é o oitavo cliente de Portugal, já foi o quarto. Acha que é possível intensificar as exportações portuguesas para Angola e retomar os níveis que permitiram que Angola fosse o primeiro país extracomunitário na lista de clientes?
Sim. Diria que o nosso objectivo é a intensificação. Não sei se Angola tornará a ser o primeiro nos tempos mais próximos por uma razão simples: o nosso comércio com os EUA também tem crescido muito nos últimos anos e neste momento são o primeiro mercado extra-europeu e o quinto mercado português. Na minha opinião, há todas as razões para que o peso relativo cresça. Há um elemento muito importante e que define a característica da relação económica entre Portugal e Angola, esse elemento é a reciprocidade. É uma relação muito simétrica, muito equilibrada. Porque temos um peso muito importante de investimento português em Angola e para muitas empresas portuguesas que trabalham em Angola este é o mercado externo mais importante. Mas também temos ao mesmo tempo a presença de interesses angolanos em sectores muito relevantes da economia portuguesa, desde a banca à energia.
Falou da existência de interesses económicos em Portugal em sectores relevantes. Alguns desses interesses são protagonizados por Isabel dos Santos, que neste momento está em rota de colisão com o governo de Angola…
… Essa é uma matéria na qual eu não entro.
O que lhe perguntamos é se os interesses que Isabel dos Santos tem em Portugal serão respeitados?
Os interesses económicos de qualquer nacionalidade são respeitados e são bem-vindos em Portugal, cumprindo a lei portuguesa e a lei internacional.
O primeiro-ministro diz que se vive um momento auspicioso do relacionamento com Angola. O que é que isto significa?
Significa que, como vai ser claro durante a visita, nós vamos subir de nível no que diz respeito à nossa parceria com Angola. Em primeiro lugar, a nossa relação com Angola é uma relação de parceria, entre iguais, de países irmãos. É muito importante que todos tenhamos noção disso. E em segundo lugar nós vamos fazer subir o nível desta parceria para um nível propriamente estratégico, isto é, para um nível mais alto.