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Angola rejeita cortar quotas e entra em rota de colisão com OPEP+

A OPEP+ apresentou uma meta de 1.110 mil barris/dia, enquanto Angola quer produzir mais 70 mil barris.

O pedido feito pelo Irão fez agravar o preço do crude já que revela um escalar verbal das tensões.
Staff/Reuters
30 de Novembro de 2023 às 19:18
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O governador de Angola na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) disse esta quinta-feira que Luanda rejeitou a quota atribuída pelo cartel, que previa uma redução, e vai manter a meta de 1.180 mil barris por dia para 2024.

Em declarações à Lusa, no final da 36.ª reunião ministerial desta organização de 23 países, em que foram deliberadas as quotas de produção para os seus membros a partir de 1 de janeiro de 2024, Estevão Pedro disse que "Angola não concorda" com a decisão.

"Nós já tínhamos apresentado os nossos dados, tendo em conta as capacidades do país, mas entretanto a decisão (da OPEP+) foi contra o montante que nós prevíamos", sublinhou.

A OPEP+ apresentou uma meta de 1.110 mil barris/dia, enquanto Angola quer produzir mais 70 mil barris.

Segundo o responsável, durante a reunião, Angola reafirmou a sua posição, mas ao contrário da unanimidade que tem sido habitual, a OPEP decidiu uma quota na qual Angola não se revê.

"Não nos revemos no 1.110 mil de barris/dia que é refletido no documento [comunicado da OPE] e continuamos com a nossa proposta que é de 1.180 mil barris/dia. Este montante é o que faremos o esforço de produzir durante o ano de 2024", reforçou.

Estevão Pedro sublinhou que Angola tinha apresentado uma quota de acordo com o que pode e pretende produzir, indicando que foi formalizada uma carta expressando esta posição.

"O que faltou na reunião foi o critério habitualmente utilizado que é a unanimidade", lamentou, considerando que a posição de Angola deveria "ser aceite", cumprindo o principio da soberania dos países membros.

Quanto à permanência de Angola na OPEP, diz que qualquer decisão futura dependerá da resposta a esta carta.

"Vamos esperar pela reação, primeiro vamos ter o 'feedback' da OPEP, tudo o que tiver de acontecer 'à posteriori' é 'a posteriori'", afirmou nas declarações à Lusa.

O responsável destacou que Angola sempre trabalhou no seio da OPEP para a estabilização do mercado, "que beneficia os produtores e os consumidores", pelo que a organização deveria aceitar o que o país lusófono pede.

Os outros membros concordaram com os cortes, adiantou Estevão Pedro, justificando que os problemas dos países são diferentes.

"A pretensão de Angola é produzir em função das suas capacidades e a quota atribuída pela OPEP está muito aquém das possibilidades de Angola", acrescentou, frisando que Angola tinha solicitado anteriormente uma quota superior e "tentou flexibilizar", apresentando uma nova meta, mais baixa.

Os membros do cartel que representa a maioria da produção de petróleo mundial desentenderam-se já na semana passada sobre as metas de produção para os países africanos, entre os quais estão Angola e Nigéria.

Arábia Saudita e os seus aliados queriam impor quotas mais baixas para a produção petrolífera dos países africanos, numa tentativa de aumentar os preços para o próximo ano, mas contaram com a oposição destes países, nomeadamente Angola quer pretende aumentar a produção e as receitas petrolíferas.
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