Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

OPEP+ reforça cortes da oferta e convida Brasil

Não houve unanimidade para um plafond comum de produção, mas alguns países acederam à exigência de Riade e também vão colocar menos crude no mercado. A ideia é impedir que os preços continuem a cair.

Mesmo que o corte de oferta adicional não impulsione os preços, pelo menos deve travar a queda, acredita a OPEP+.
Mesmo que o corte de oferta adicional não impulsione os preços, pelo menos deve travar a queda, acredita a OPEP+. Dado Ruvic/Reuters
04 de Dezembro de 2023 às 09:00
  • 1
  • ...

Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados – o chamado grupo OPEP+ – tinham uma missão árdua em mãos quando, na passada quinta-feira, 30 de novembro, se reuniram para definir a sua produção agregada de crude nos próximos tempos. As dificuldades esperadas para alcançar um acordo levaram, aliás, a que o encontro ministerial tivesse sido adiado por quatro dias.

Apesar de vigorar um reforçado corte de oferta desde outubro de 2022 – após o pico da pandemia e com o regresso da atividade económica à normalidade, os países da OPEP+ começaram a produzir mais, até que há um ano viram necessidade de voltar a retirar mais crude do mercado –, os preços da matéria-prima não tiveram a subida desejada pelo cartel e seus parceiros. Pelo menos de forma sólida.

O acordo base da OPEP+ que tem estado em vigor – e que está previsto prolongar-se durante todo o ano de 2024 – prevê um corte conjunto da oferta na ordem dos 3,66 milhões de barris/dia, através de menores quotas de produção dos seus membros. Além disso, a Arábia Saudita também tinha anunciado uma redução, de forma voluntária e unilateral, de mais um milhão de barris por dia à sua oferta, tendo a Rússia anunciado igualmente uma diminuição diária extra de 300.000 barris – ambas até ao final deste ano. Assim, o total da retirada de crude do mercado rondava atualmente os cinco milhões de barris diários.

A Arábia Saudita tinha advertido que poderia abandonar o seu atual esforço unilateral e voluntário de corte adicional da oferta se não houvesse mais membros a darem um maior contributo na retirada de crude do mercado. Riade pretendia, nomeadamente, impor aos países africanos quotas mais baixas de produção, mas estes opuseram-se – com Angola a destacar-se nessa recusa, já que pretende aumentar a sua oferta.

Na reunião de quinta-feira, à falta de acordo para uma nova meta agregada de corte da produção, os membros da OPEP+ decidiram avançar durante o primeiro trimestre do próximo ano com reduções voluntárias adicionais, que rondam os 2,2 milhões de barris por dia, na tentativa de impedir que os preços da matéria-prima continuem a cair.

Assim, além do corte geral que já vigorava, de 3,66 milhões de barris diários, a Arábia Saudita anunciou que o seu milhão adicional de diminuição diária da oferta se prolonga pelo menos durante o primeiro trimestre de 2024 (e não apenas até ao final deste ano) e o mesmo fez a Rússia (cujo corte passa para 500 mil barris/dia). Também o Iraque, Koweit, Cazaquistão, Argélia e Omã irão fazer um esforço extra no fecho de torneiras que ascende a perto de 800 mil barris diários.

“A OPEP+ anunciou uma redução adicional da oferta em quase 2,2 milhões de barris por dia no primeiro trimestre de 2024. Atendendo a que os atuais cortes voluntários dos sauditas e dos russos fazem parte desta redução, os novos cortes acabam por ascender a 758 mil barris por dia entre janeiro e março do ano que vem”, sublinha Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do UBS, numa análise a que o Negócios teve acesso.

Segundo o estratego do banco suíço, “estes cortes adicionais evitarão um mercado com excesso de oferta nos primeiros três meses de 2024”. “E continuamos convictos de que os preços vão subir nos próximos meses”, acrescenta.

Outra novidade saída desta reunião foi o convite feito ao Brasil para que se junte à OPEP+ e a este esforço concertado de retirada de crude da oferta global. A ideia é que o Brasil – que está a avaliar a proposta – possa juntar-se já em janeiro a este grupo.

A OPEP+, recorde-se, é responsável por cerca de 40% da oferta mundial de crude. Os sauditas têm tentado equilibrar a necessidade de exportar menos para fazer os preços subirem com a necessidade de manterem uma quota de mercado de relevo – e esta não tem sido uma tarefa fácil.

Depois de quatro semanas consecutivas de saldo negativo, os preços do crude em Londres e Nova Iorque fecharam a semana passada com sinal verde, mas estão ainda bem longe dos máximos de meados de outubro, quando em Londres se aproximaram dos 100 dólares por barril devido ao conflito entre Israel e o Hamas.

Estes cortes adicionais evitarão um mercado com excesso de oferta e estamos convictos de que preços subirão nos próximos meses. Giovanni staunovo
Analista de “commodities” do UBS

 

Ver comentários
Saber mais Organização dos Países Exportadores de Petróleo Arábia Saudita Brasil Exportações Empresas Banca
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio