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Sócrates acusa Ministério Público de querer impedir vitória do PS

O ex-primeiro-ministro voltou a escrever a partir da prisão de Évora um documento onde acusa o Ministério Público de condicionar as eleições legislativas e de não possuir provas que sustentem as acusações de que é alvo.

Negócios 19 de Agosto de 2015 às 20:40
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Preso há nove meses, o antigo primeiro-ministro, José Sócrates, escreve a partir da cadeia de Évora, onde reclama a inocência e afirma não ter dúvidas que a sua prisão tem por objectivo condicionar as eleições legislativas. A seis semanas das eleições, Sócrates afirma no artigo de opinião que "o Ministério Público está em campanha".

"À medida que o tempo passa cresce a legítima suspeita de que este processo tem como verdadeira motivação condicionar as próximas eleições e impedir a vitória do PS. Acontece que isso não compete à justiça, mas à política", escreve num documento com mais de cinco páginas enviado à SIC e ao Jornal de Notícias e parcialmente apresentado no Jornal da Noite da estação de Carnaxide desta quarta-feira, 19 de Agosto.

O antigo líder socialista falou ainda do processo de venda da sua casa, realçando que o Ministério Público ordenou uma investigação "a um cidadão paquistanês pelo facto deste ter decidido comprar um apartamento". Questionando as razões que fundamentaram a investigação, Sócrates diz que a única razão parece ser o facto de o apartamento lhe pertencer. "Já não se trata, apenas, do respeito que deve às pessoas e aos seus direitos, mas de perder o respeito que o Ministério público deve a si próprio".

José Sócrates, acusado de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, acusa o Ministério Público de "saltitar de teoria em teoria sem nunca apresentar qualquer prova dos crimes".

O ex-primeiro-ministro desafia a acusação a responder a algumas perguntas: se tivesse uma fortuna porque pediria três empréstimos à Caixa Geral de Depósitos e como explica a acusação que o seu nome nunca tenha aparecido como um dos titulares nas contas da Suíça.


Até agora, Sócrates perdeu todos os recursos apresentados. Sobre isso comenta: «É como se o velho princípio "in dúbio pro reo" ficasse invertido: neste processo, é a investigação que goza do benefício da dúvida, não só por parte da opinião pública mais crédula (que, não conhecendo o processo, admite que ele possa conter alguma prova ainda não divulgada e que tenha conseguido escapar às constantes "fugas" ao segredo de justiça…), como por parte até dos próprios magistrados de instâncias superiores», que terão validado a prisão preventiva e que "tendem conceder à investigação uma tolerância inadmissível num processo justo".

Sócrates assevera que a sua prisão "terá de ser considerada um abuso imperdoável, estranho à realização da Justiça" e admite "que as pessoas precisem de um certo tempo para finamente se resignarem à ideia de que, por incrível que pareça, a Justiça cometeu mesmo neste caso um erro monstruoso".

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