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Guerra é risco para OE 2022 mas também pode engordar receita fiscal, diz CFP

Entidade liderada por Nazaré da Costa Cabral acredita que o conflito na Ucrânia e prolongamento das pressões inflacionistas poderão obrigar a adotar medidas adicionais para mitigar o impacto da guerra em Portugal. Mas também poderá contribuir para um aumento da receita do Estado com impostos.

Na apresentação da proposta do OE na generalidade, Fernando Medina defendeu que descer o défice e a dívida é essencial para o país.
Miguel A. Lopes/Lusa
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A incerteza sobre a guerra na Ucrânia é um dos principais riscos apontados pelo Conselho das Finanças Públicas (CFP) às contas públicas deste ano. Mas o organismo liderado por Nazaré da Costa Cabral acredita que o conflito poderá contribuir também para um aumento da receita fiscal, como tem apontado a oposição.

A conclusão consta de análise ao OE 2022, publicada esta quarta-feira pelo CFP. Embora considere que a incerteza sobre "a duração e a escalada" da guerra pode levar a um "impacto de magnitude superior ao previsto pelo Governo nas medidas de mitigação que pretende implementar em 2022 ou determinar a adoção de medidas adicionais".

Mas, por outro lado, o CFP admite também a possibilidade uma melhoria do saldo orçamental motivada pelo conflito.

A entidade liderada por Nazaré da Costa Cabral entende que a guerra poderá "agravar e prolongar as pressões inflacionistas face ao previsto" pelo Ministério das Finanças (3,7% para este ano, quando medida pelo IPC), o que permitirá, "no curto prazo, beneficiar a receita fiscal, em particular nos impostos que incidem sobre o consumo dos agentes económicos, que poderão não ajustar no imediato as suas decisões de consumo e investimento". 

Ontem, no debate na generalidade da proposta de OE 2022 com o ministro das Finanças, o PSD apontou isso mesmo: a inflação está a aumentar as receitas fiscais, cujo crescimento (cerca de 2.000 milhões de euros) é superior à despesa esperada com as medidas de mitigação dos preços (cerca de 1.300 milhões de euros)

Na análise ao OE 2022, o CFP admite mesmo que "a cobrança de receita tributária resultante da evolução macroeconómica prevista na proposta de Orçamento do Estado para 2022 compensará largamente o impacto negativo das medidas de política a adotar" para mitigar o impacto negativo do conflito na economia nacional.

"Constata-se que o efeito positivo decorrente da evolução macroeconómica prevista pelo Ministério das Finanças explicará todo o crescimento esperado para a receita fiscal (3.476 milhões de euros) e será suficiente para acomodar o impacto negativo das medidas de política previsto para este ano (-753 milhões)", indica, no parecer.

A receita adicional arrecadada em impostos devido à inflação deverá, no entanto, esgotar-se "rapidamente". "No médio prazo, a inflação irá necessariamente provocar uma pressão significativa na despesa pública", frisa o CFP, alertando para pressões extra que se colocarão sobre o próximo Orçamento do Estado para 2023.

Outros cinco riscos elevados nas contas públicas
O CFP aponta outros cinco riscos que se colocam às contas públicas este ano. Entre eles está a possibilidade de agravamento da situação pandémica, com o surgimento de novas variantes, com custos adicionais para o OE2022 e que pode obrigar a "retardar a redução e eliminação das medidas relacionadas com a pandemia, penalizando a recuperação do equilíbrio orçamental".

Há ainda riscos associados à ativação das garantias do Estado concedidas para dar resposta à crise pandémica e à "sobrestimação das poupanças e ganhos de eficiência a obter no âmbito do exercício de revisão de despesa". 

O CFP alerta ainda para o risco de a TAP necessitar de apoios financeiros superiores aos 990 milhões de euros inscritos no OE2022 e de o Novo Banco precisar também de uma transferência adicional.

Além disso, avisa que as responsabilidades do Estado com as Parcerias Público-Privadas (PPP) podem implicar "uma despesa superior à considerada".
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