Notícia
Costa acusa Bloco de "marchar" com a direita e PSD de não largar austeridade
Na intervenção para apresentar o OE 2021, o primeiro-ministro centrou-se no ataque ao BE, acusando o partido de "marchar" com a direita. Mas não esqueceu o PSD, sugerindo que o partido de Rui Rio preferia um "orçamento de restrição austeritária".
27 de Outubro de 2020 às 15:56
A parte mais relevante da intervenção de 22 minutos com que António Costa abriu o debate parlamentar sobre o Orçamento do Estado para 2021, que é amanhã votado na generalidade, foi usada para atacar o Bloco de Esquerda, mas sem esquecer remoques ao PSD.
Depois de, no domingo, o Bloco ter anunciado que votará contra o OE2021, António Costa defendeu que "não é de todo possível pretender dizer que se quer ir mais longe ou mais rápido por este caminho juntando-se agora à direita, que marcha em sentido oposto", disse o líder do Governo lembrando o caminho iniciado na anterior legislatura que permitiu à geringonça "voltar a página da austeridade".
De seguida, o secretário-geral socialista notou que a votação na generalidade é o momento da "clarificação política" e de definição de "qual o caminho a seguir". E para Costa, a posição do PS "é clara e totalmente coerente", assim como do PCP, PAN, PEV e das duas deputadas não inscritas que se vão abster amanhã para viabilizar o documento.
"Mostram que há quem não desista de encontrar soluções para a crise que enfrentamos", acrescentou com mira apontada ao Bloco, mas sem pronunciar diretamente o antigo parceiro da geringonça.
O primeiro-ministro prosseguiu sublinhando que, no OE2021, o Governo, "coerentemente", dá "continuidade ao caminho que iniciámos em novembro de 2015 e é natural que a direita, também coerentemente, defenda um caminho contrário".
Tendo em mente a justificação do presidente do PSD, Rui Rio, para votar contra o orçamento, Costa sustentou que a proposta do Governo garante um "orçamento de distribuição solidária".
"Não é um orçamento de restrição austeritária", afirmou com as baterias agora voltadas para a bancada social-democrata e notando que "este orçamento não corta rendimentos, protege rendimentos das famílias e protege mais das famílias com menores rendimentos".
Na sua intervenção inicial, a coordenadora bloquista, Catarina Martins, sustentou que a garantia de Costa de que "não há nenhum recuo" no orçamento "não é verdade". "Há recuo, desde logo no Serviço Nacional de Saúde", atirou.
Na resposta a Catarina Martins, António Costa repetiu a ideia antes enunciada, garantindo que, ao contrário do BE, as restantes forças da esquerda mostraram que "não desertam da esquerda para se juntarem à direita, mas viabilizam a passagem deste orçamento à especialidade".
Jerónimo não dispensa exigências comunistas, Costa não dispensa PCP
Por seu turno, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, avisou que os comunistas não desistem da "batalha antes de a travar", novo recado para o Governo estar avisado de que o partido irá insistir nas suas exigências durante a discussão na especialidade.
"Tenho a certeza de que todos trabalharemos para chegar ao bom destino", ripostou António Costa numa declaração em que fez questão de mostrar proximidade relativamente ao PCP, atitude bem distinta daquela que costuma adotar em relação ao Bloco e a Catarina Martins. E para chegar a esse destino, disse o primeiro-ministro, será fundamental a cooperação com os comunistas.
"Para proteger as pessoas, apoiar a economia e apoiar o emprego, seguramente o trabalho conjunto com o PCP é da maior importância e indispensável para o sucesso deste orçamento para 2021", disse Costa, assumindo que não dará para convergir em tudo mas que haverá caminho para andar e "sem espalhafato".
Após várias semanas de difíceis negociações, o Bloco decidiu votar contra o OE 2021, deixando a viabilização na votação de amanhã na generalidade a cargo de PS, PCP, PAN, Verdes e ainda das duas deputadas não inscritas. Deste modo, o Bloco será o único partido da esquerda parlamentar a votar contra a proposta do Executivo.
Não ao bloco central
Desafiado por Jerónimo de Sousa a clarificar com quem pretende o Governo preparar as contas do próximo ano e o futuro, o líder do Governo reiterou a rejeição ao bloco central, salientando que essa é aliás uma recusa que o une a Rui Rio.
António Costa explicou depois a Telmo Correia, deputado do CDS, que a opção por alianças de bloco central (na Europa habitualmente denominadas de grandes coligações) tem mostrado ser contraproducente no continente europeu, dificultando a diferenciação entre o centro-esquerda e o centro-direita e deixando terreno fértil para movimentos extremistas e populistas.
Na declaração inicial, António Costa citou mesmo o discurso de tomada de posse do atual Governo para garantir que, mesmo sem orçamento aprovado, não irá voltar as costas ao país, especialmente no atual momento de crise.
O primeiro-ministro recordou o compromisso assumido de chefiar um "Governo para os bons e os maus momentos". "Não viraremos as costas às dificuldades", rematou pondo fim a dúvidas suscitadas pelo próprio quanto em agosto, em entrevista ao Expresso, ameaçou com uma crise política se o OE 2021 fosse rejeitado.
Depois de, no domingo, o Bloco ter anunciado que votará contra o OE2021, António Costa defendeu que "não é de todo possível pretender dizer que se quer ir mais longe ou mais rápido por este caminho juntando-se agora à direita, que marcha em sentido oposto", disse o líder do Governo lembrando o caminho iniciado na anterior legislatura que permitiu à geringonça "voltar a página da austeridade".
"Mostram que há quem não desista de encontrar soluções para a crise que enfrentamos", acrescentou com mira apontada ao Bloco, mas sem pronunciar diretamente o antigo parceiro da geringonça.
O primeiro-ministro prosseguiu sublinhando que, no OE2021, o Governo, "coerentemente", dá "continuidade ao caminho que iniciámos em novembro de 2015 e é natural que a direita, também coerentemente, defenda um caminho contrário".
Tendo em mente a justificação do presidente do PSD, Rui Rio, para votar contra o orçamento, Costa sustentou que a proposta do Governo garante um "orçamento de distribuição solidária".
"Não é um orçamento de restrição austeritária", afirmou com as baterias agora voltadas para a bancada social-democrata e notando que "este orçamento não corta rendimentos, protege rendimentos das famílias e protege mais das famílias com menores rendimentos".
Na sua intervenção inicial, a coordenadora bloquista, Catarina Martins, sustentou que a garantia de Costa de que "não há nenhum recuo" no orçamento "não é verdade". "Há recuo, desde logo no Serviço Nacional de Saúde", atirou.
Na resposta a Catarina Martins, António Costa repetiu a ideia antes enunciada, garantindo que, ao contrário do BE, as restantes forças da esquerda mostraram que "não desertam da esquerda para se juntarem à direita, mas viabilizam a passagem deste orçamento à especialidade".
Jerónimo não dispensa exigências comunistas, Costa não dispensa PCP
Por seu turno, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, avisou que os comunistas não desistem da "batalha antes de a travar", novo recado para o Governo estar avisado de que o partido irá insistir nas suas exigências durante a discussão na especialidade.
"Tenho a certeza de que todos trabalharemos para chegar ao bom destino", ripostou António Costa numa declaração em que fez questão de mostrar proximidade relativamente ao PCP, atitude bem distinta daquela que costuma adotar em relação ao Bloco e a Catarina Martins. E para chegar a esse destino, disse o primeiro-ministro, será fundamental a cooperação com os comunistas.
"Para proteger as pessoas, apoiar a economia e apoiar o emprego, seguramente o trabalho conjunto com o PCP é da maior importância e indispensável para o sucesso deste orçamento para 2021", disse Costa, assumindo que não dará para convergir em tudo mas que haverá caminho para andar e "sem espalhafato".
Após várias semanas de difíceis negociações, o Bloco decidiu votar contra o OE 2021, deixando a viabilização na votação de amanhã na generalidade a cargo de PS, PCP, PAN, Verdes e ainda das duas deputadas não inscritas. Deste modo, o Bloco será o único partido da esquerda parlamentar a votar contra a proposta do Executivo.
Não ao bloco central
Desafiado por Jerónimo de Sousa a clarificar com quem pretende o Governo preparar as contas do próximo ano e o futuro, o líder do Governo reiterou a rejeição ao bloco central, salientando que essa é aliás uma recusa que o une a Rui Rio.
António Costa explicou depois a Telmo Correia, deputado do CDS, que a opção por alianças de bloco central (na Europa habitualmente denominadas de grandes coligações) tem mostrado ser contraproducente no continente europeu, dificultando a diferenciação entre o centro-esquerda e o centro-direita e deixando terreno fértil para movimentos extremistas e populistas.
Na declaração inicial, António Costa citou mesmo o discurso de tomada de posse do atual Governo para garantir que, mesmo sem orçamento aprovado, não irá voltar as costas ao país, especialmente no atual momento de crise.
O primeiro-ministro recordou o compromisso assumido de chefiar um "Governo para os bons e os maus momentos". "Não viraremos as costas às dificuldades", rematou pondo fim a dúvidas suscitadas pelo próprio quanto em agosto, em entrevista ao Expresso, ameaçou com uma crise política se o OE 2021 fosse rejeitado.