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TAP, Novo Banco, Covid: as pedras no caminho de Medina, segundo a UTAO
A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) critica a falta de informação sobre o impacto que a TAP e o Novo Banco podem ter nas contas pública no próximo ano. E avisa que novas vagas de covid-19 podem também exigir novos apoios, que não estão previstos na proposta de Orçamento do Estado.
O Estado pode ter de vir a gastar mais dinheiro com a TAP, Novo Banco ou mesmo com a pandemia de covid-19 no próximo ano, riscos para as contas públicas e que não foram devidamente acautelados na proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2023.
O alerta é deixado pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), na análise preliminar que faz à proposta de OE para o próximo ano e que foi publicada nesta quinta-feira, 20 de outubro. Segundo os técnicos em finanças públicas que apoiam o Parlamento, há "riscos consideráveis" que podem agravar o saldo orçamental.
Aliás, a unidade liderada por Rui Baleiras frisa que "não há nenhuma referência" a esta contingência nos riscos orçamentais do relatório que acompanha a proposta de OE.
Depois, a TAP, que também "é um fator de risco descendente". A UTAO critica o "secretismo" na proposta de OE em relação "a eventuais encargos para os contribuintes em 2023" com a companhia aérea.
"Por um lado, o contexto económico que já aconteceu em 2022 e as perspetivas para 2023 justificam apreensão com a deterioração da situação económico-financeira do grupo. Por outro, o plano de reestruturação permanece desconhecido do público e a
decisão da Comissão Europeia sobre o auxílio de Estado a conceder pelo Estado português à companhia omite os valores monetários", recordam os técnicos.
"Neste contexto, a falta de transparência sobre os compromissos das Administrações Públicas suscita desconfiança sobre o papel que a TAP irá ter nas contas públicas de 2023", avisa a UTAO.
Depois, os técnicos dizem que "o Governo pode ter de adotar novas medidas de emergência ou reforçar e prolongar as existentes". Segundo a UTAO, a proposta de OE prevê um "um impacto reduzido" para as medidas transitórias COVID-19 e para a inflação.
Para a UTAO novas variantes da doença COVID-19, a persistência de inflação e o agravamento das taxas de juro "representam um risco descendente sobre o saldo orçamental".
Os técnicos alertam ainda para riscos no âmbito das Parcerias Público-Privadas (PPP), relacionados com pedidos de reposição de equilíbrio financeiro e ações arbitrais, frisando que a proposta de OE informa sobre a possibilidade, em 2023, de uma indemnização judicial por via de um litígio relacionado com PPP.
Por outro lado, descrevem riscos sobre o crescimento económico que se podem também transmitir às projeções orçamentais, não só pelo "menor crescimento da receita de impostos e contribuições sociais inerente a um menor crescimento do PIB nominal".
Mas também relacionado com um maior crescimento da despesa com prestações sociais e outros encargos, face ao cenário central.
Ainda assim, a UTAO admite que uma inflação mais alta do que o esperado pode aumentar a receita fiscal esperada, ajudando a "cumprir a meta do saldo", à semelhança do que aconteceu este ano.
"Por outro, ao exigir mais músculo à política monetária, encarecerá as emissões de dívida em 2023 acima do previsto e arrefecerão ainda mais a atividade económica, e ambos os efeitos tenderão a prejudicar a meta do défice", avisa.