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Sanções: Rio acusa UE de prepotência e contradição
"Se vierem a aplicar sanções estão-se a sancionar a si próprios, não totalmente, mas em larga medida a si próprios", disse o ex-presidente da Câmara do Porto na conferência "Portugal, Economia e Política".
O antigo presidente da Câmara do Porto Rui Rio considerou que a União Europeia (UE), ao querer aplicar sanções a Portugal por incumprimento de metas orçamentais, demonstra ser "prepotente e contraditória", estando a sancionar-se a si própria.
"Vem agora a Comissão Europeia dizer que nos aplica sanções que, em grande medida, têm origem num programa que eles aqui impuserem e elogiaram o Governo que o levou a cabo, na prática, se vierem a aplicar sanções estão-se a sancionar a si próprios, não totalmente, mas em larga medida a si próprios", disse na conferência "Portugal, Economia e Política", em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, na segunda-feira à noite.
Rui Rio insistiu que o ano de 2015 tem muito a ver com aquilo que a UE quis que Portugal fizesse, ressalvando que o anterior Governo PSD/CDS-PP aplicou as "receitas da `troika´" na qual estava o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia.
O ano de 2015 não pode ser desligado de 2014, nem de 2013, nem de 2012 onde, aí, a `troika´ tinha uma cota de responsabilidade de 100%, frisou.
Segundo o ex-autarca, a aplicação de eventuais sanções tem a "agravante" de estarem relacionadas com o facto de Portugal ter tido um défice "um bocadinho de nada" superior a 3%.
"Nas piores previsões, Portugal vai ter este ano um défice abaixo dos 3%", relembrou.
Os portugueses que ou entendem ou conseguem intuir isto não ficam contentes, nem batem palmas à UE, vincou Rui Rio, sublinhando que este "edifício negativo, pedrinha a pedrinha" vai gerando descontentamento e isso é "muito mau".
O ex-presidente da autarquia portuense entendeu que a UE tem de aprender com a saída do Reino Unido da UE - o chamado "Brexit" - no sentido de atender aos mais pequenos pormenores e não gerar um crescendo de revolta.
No domingo, a agência Reuters noticiou, citando uma fonte conhecedora do processo que não identifica, que a Comissão Europeia deverá dar a Portugal e Espanha três semanas, até 27 de Julho, para apresentarem medidas que permitam vir a corrigir os défices excessivos e evitarem assim sanções.
Segundo a mesma agência noticiosa, na reunião semanal do colégio que terá lugar em Estrasburgo, à margem de uma sessão plenária do Parlamento Europeu, o executivo comunitário vai apontar que tanto Portugal como Espanha não tomaram medidas efectivas para corrigir os respectivos défices públicos.
No entanto, na segunda-feira, a Comissão Europeia escusou-se a comentar as eventuais sanções a Portugal e Espanha devido ao défice excessivo, não confirmando sequer se o assunto vai ser discutido na reunião semanal do colégio agendada para hoje.