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Covid-19 levou dívida da economia mundial a disparar para recorde de 355% do PIB

O nível de endividamento global passou de 320% em 2019 para 355% em 2020, o que representa um agravamento muito superior ao registado na crise financeira. Em 2008 o rácio subiu 10 pontos percentuais e em 2009 aumentou 15 pontos percentuais.

17 de Fevereiro de 2021 às 18:08
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O nível de endividamento global atingiu um recorde no ano do combate à covid-19. E a perspectiva é de que a procura por financiamento continue.

Governos, empresas e famílias emitiram dívida no valor de 24 biliões de dólares no ano passado para compensar o impacto económico da pandemia, o que elevou o total da dívida global para um máximo histórico de 281 biliões de dólares no final de 2020.

 

Este valor equivale a mais de 355% do PIB mundial, de acordo com o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês). Trata-se de um aumento de 35 pontos percentuais face a 2019, o que representa um agravamento muito superior ao registado na crise financeira. Em 2008 o rácio subiu 10 pontos percentuais e em 2009 aumentou 15 pontos percentuais.

Os Governos foram responsáveis por metade do aumento do endividamento global no ano passado. As empresas aumentaram a dívida em 5,4 biliões, os bancos em 3,9 biliões e as famílias em 2,6 biliões.

 

Segundo o diretor de pesquisa de sustentabilidade do IIF, Emre Tiftik, e a economista instituto, Khadija Mahmood, há poucas alternativas a um novo aumento do financiamento em 2021.

 

Mesmo com a distribuição das vacinas, as taxas de juro em mínimos históricos dos bancos centrais sustentam as emissões acima dos níveis pré-pandemia. Os Governos, já com elevados défices orçamentais para responder à covid-19, devem aumentar a dívida em mais 10 biliões este ano, à medida que pressões políticas e sociais dificultam a contenção da despesa pública. Caso se confirme, o endividamento deste grupo ficará acima de 92 biliões de dólares no final de 2021, estima o IIF.

 

"O desafio mais importante é encontrar uma estratégia de saída bem planeada destes estímulos orçamentais extraordinários", disse Tiftik durante um webinar esta quarta-feira.

 

Os mercados maduros e também os emergentes vão procurar um equilíbrio perfeito. Embora a recuperação económica possa levar alguns governos a desenvolverem estratégias para reverter os estímulos, fazer isso cedo demais pode aumentar o risco de defaults e falências. Mas esperar muito tempo pode aumentar demasiado o endividamento.

 

Mesmo numa altura de spreads de crédito historicamente moderados, os mercados globais de dívida começaram a vender, o que impulsionou as taxas de rendibilidade dos títulos soberanos. A "yield" das Treasuries (EUA) de longo prazo atingiram esta semana o nível mais elevado do último ano.

 

As relações dívida/PIB do setor não financeiro em França, Espanha e Grécia registaram os maiores aumentos entre economias maduras devido ao rápido endividamento dos governos. Nos mercados emergentes, a China registou o maior salto das taxas de endividamento no ano passado, seguida pela Turquia, Coreia do Sul e Emirados Árabes Unidos, segundo dados do IIF.

 

O peso da dívida pública no PIB (produto interno bruto) português subiu para 133,7% no ano passado, um agravamento de 16,5 pontos percentuais face ao registado em 2019.

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