Notícia
Bruxelas dá mais tempo para reduzir dívida mas reforça sanções para quem não cumprir
Comissão apresentou a sua proposta de revisão das regras orçamentais: países terão quatro anos para reduzir a dívida, mas sanções serão reforçadas para quem não cumprir. Executivo comunitário espera apresentar orientações no início de 2023, para que novas regras estejam em vigor em 2024.
Bruxelas não mexe nos tratados, ou seja, os objetivos de ter um défice até aos 3% e uma dívida nos 60% do PIB mantêm-se, mas conforme anunciaram nesta quarta-feira, 9 de novembro, o vice-presidente da Comissão Europeia e o comissário responsáveis pela Economia, Valdis Dombrovskis e Paolo Gentiloni, respetivamente, os países terão mais tempo e controle da redução da dívida do que até aqui.
Na base desse plano está um indicador único: a despesa primária líquida, ou seja, a despesa líquida de medidas descricionárias e que exclua a despesa com juro, bem como as despesas ciclicas relacionadas com o desemprego.
A redução da dívida pode diferir consoante as circunstâncias dos Estados-membros, e pode ter de ser mais rápida no caso de países altamente endividados, como Portugal.
Além disso, disse Paolo Gentiloni, a própria Comissão vai elaborar "caminhos de ajustamento orçamental de referência" para os países com "desafios de dívida moderados ou substanciais". Para o comissário, os países podem assumir estas referências como um "ponto de partida" para os seus próprios planos.
Caso os países julguem que quatro anos é pouco, podem propor um "período de ajustamento mais logo", extendendo-o por mais três anos (ou seja, até aos sete), desde que isso implique um conjunto de "compromissos de reforma e investimento que respondam às prioridades e metas" da União Europeia - e que passam, sobretudo, pela transição ambiental e energética.
"Quantas mais reformas e investimentos forem propostos, mais gradual o caminho da redução da dívida pode ser", admitiu Paolo Gentiloni. O comissário lembrou depois os procedimentos relacionados com a 'bazuca' europeia, não que sejam os mesmos - "mas foram uma boa lição na relação" com os estados-membros, admitiu.
Mais tempo implica também maior acompanhamento
Depois de avaliar os planos dos Estados-membros, assegurando que a dívida está a descer (ou que se mantém em níveis de prudência) e que o défice se mantém de forma credível abaixo dos 3% do PIB no médio prazo, caberá ao Conselho endossar ou não os planos.
Após esse aval, a Comissão vai "monitorizar continuamente" a implementação dos planos. Os Estados-membros podem submeter relatórios de progresso para facilitar a monitorização e garantir estabilidade, sugere a Comissão.
Mas ao mesmo tempo haverá um "reforço do acompanhamento" e das sanções associadas. Depois de do aval de Bruxelas, "terá de ser implementado e será monitorizado de perto", com base na despesa primária (exlcuindo juros) líquida, descreveu Valdis Dombrovskis.
"Se os países não cumprirem, serão sujeitos a um mecanismo mais forte" de sanções, frisou o vice-presidente da Comissão.
Paolo Gentiloni acrescentou depois de essas ações de "reforço do cumprimento" serão "calibradas consoante as situações orçamnetais", mas que o objetivo é tornar as sanções financeiras mais credíveis através da redução dos valores involvidos.
(Notícia atualizada às 13:15 com mais informação)