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Tsipras vai esperar “pacientemente” que os credores se tornem “realistas”

O primeiro-ministro grego garante que não vai aceitar mais cortes nas pensões depois de cinco anos de "saques" e diz que o seu Governo carrega às costas não só a dignidade de um povo, mas também as esperanças dos europeus.

Bloomberg
Rita Faria afaria@negocios.pt 15 de Junho de 2015 às 09:58

Depois de as negociações entre Atenas e os credores terem falhado novamente neste fim-de-semana, Alexis Tsipras acusa os parceiros internacionais de "irrealismo", uma crítica de que ele próprio é alvo. Em entrevista a um jornal grego, o primeiro-ministro diz que o seu Governo vai esperar "pacientemente" que as instituições internacionais ganhem adesão à realidade.

"Só se podem encontrar motivos políticos na insistência dos credores em novos cortes nas pensões depois de cinco anos de saques, sob o memorando", afirmou Alexis Tsipras, em entrevista ao jornal Efimerida Ton Syntakton, citada pela Bloomberg. "Vamos esperar pacientemente que as instituições ganhem realismo. Não temos o direito de enterrar a democracia europeia no lugar onde ela nasceu".

O primeiro-ministro grego foi mais longe, garantindo que o seu Governo carrega às costas não só a dignidade de um povo, mas as esperanças dos europeus.

"Se alguns interpretam como fraqueza a vontade honesta do governo em alcançar compromissos e as medidas tomadas para colmatar as diferenças, devem considerar o seguinte: nós carregamos às costas não só a dignidade de um povo, mas também as esperanças dos povos da Europa. É um fardo pesado demais para ignorar. Não é uma questão de teimosia ideológica. É uma questão de democracia", argumentou Tsipras.

As declarações do chefe do Governo grego surgem um dia depois de terem falhado as negociações entre Atenas e os credores, atirando uma eventual decisão para a próxima reunião do Eurogrupo, agendada para esta quinta-feira, 18 de Junho, no Luxemburgo.

O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, acredita que o resgate da Grécia tem de começar novamente e que a Europa deve admitir que o que fez até agora "foi um erro".

"Somos todos humanos e é difícil admitir erros. Creio que vai ser preciso tempo para que as instituições europeias, Berlim e Bruxelas reconheçam que o programa que apoiaram durante cinco anos foi um erro mas não há outro caminho", disse, numa entrevista ao jornal Bild. "Vamos ter de começar do zero com o plano de resgate, fazer tábua rasa", acrescentou. 

 

Bundestag não vai aprovar nova tranche se o FMI não estiver "totalmente" envolvido no acordo

As críticas feitas pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras às instituições internacionais foram repetidas pelo líder parlamentar do partido de Angela Merkel e dirigidas ao Governo de Atenas.

Volker Kauder, líder parlamentar da CDU, instou a Grécia a "olhar para a realidade", mostrando que as tensões são crescentes em Berlim. O responsável avisou ainda que o Bundestag não vai aprovar a ajuda à Grécia se o FMI não estiver totalmente envolvido no acordo. Recorde-se que a equipa negocial do FMI abandonou as negociações com o Governo grego em Bruxelas na passada quinta-feira, por existirem "grandes diferenças" entre as partes. 

"Não podemos provar um pagamento adicional se o FMI diz que não vai funcionar. Estamos satisfeitos que o FMI esteja connosco, mas se ele diz que não vai funcionar, então o nosso grupo parlamentar também vai dizer que não podemos pagar mais tranches", disse o responsável, em declarações à ARD TV.

"Nós todos sabemos o que está em jogo. Ninguém na Europa carrega a responsabilidade por isto, excepto a própria Grécia", concluiu o responsável. 

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