Notícia
França e Alemanha vão propor mexidas na Zona Euro até Julho
Os ministros das Finanças dos dois países anunciaram a criação de um grupo de trabalho conjunto. Propostas franco-alemãs serão postas em cima da mesa até Julho, antes das eleições alemãs.
Wolfgang Schäuble e Bruno Le Maire vão trabalhar numa proposta única de reforma e de aprofundamento da integração da Zona Euro que apresentarão aos seus pares até Julho, antes, portanto, das eleições alemãs agendadas para 24 de Setembro. O compromisso dos ministros alemão e francês das Finanças foi assumido em Berlim nesta segunda-feira, 22 de Maio, após a primeira reunião a dois desde a tomada de posse de Emmanuel Macron, novo presidente França. A ideia é que propostas e calendários concretos possam ser aprovados ao mais alto nível na cimeira de Dezembro.
Citado pela Reuters, Le Maire disse que o grupo de trabalho examinará essencialmente uma maior integração à luz de três vertentes: projectos de investimento conjuntos (possivelmente co-financiados através de um orçamento exclusivo para a Zona Euro), convergência orçamental e coordenação das políticas económicas (numa provável alusão a uma maior convergência em matéria fiscal e em torno dos critérios relacionados com a atribuição e cálculo do subsídio de desemprego).
"Temos a responsabilidade de produzir resultados concretos e sermos bem-sucedidos, caso contrário serão as forças extremistas a suceder-nos", frisou o ministro francês. "Sabemos que o reforço da união monetária é de grande importância", disse, por seu turno, Wolfgang Schäuble, ao sublinhar o particular papel de liderança que deve ser desempenhado pelo motor franco-alemão."Ambos sabemos que este é um desafio central para nós os dois, como ministros das Finanças; temos da dar a nossa contribuição para a promoção da Europa num momento de oportunidades, mas também de desafios".
Premiar os reformistas. Mutualizar dívida é carta fora do baralho
Com Emmanuel Macron, um europeista convicto mas também um defensor da ortodoxia orçamental, há agora uma banda mais larga de entendimento entre Paris e Berlim. Logo após a tomada de posse, Macron deslocou-se à capital alemã onde, ao lado da chanceler Angela Merkel, anunciou a intenção de ambos os governos apresentarem "um guião franco-alemão para a UE e a Zona Euro".
Diferentemente de François Hollande, o novo presidente francês considera fundamental cumprir o Pacto de Estabilidade e o Tratado Orçamental, e promete reduzir finalmente neste ano o défice abaixo do limite de 3% do PIB. Hoje mesmo, Bruno Le Maire repetiu em Berlim que Paris cumprirá os compromissos europeus para reduzir o seu elevado nível de endividamento público. "A França vai respeitar o seu compromisso europeu de reduzir os défices e não o fazemos para agradar à Comissão Europeia, mas porque isso é bom para a França".
Macron quer "contas certas" e regras cumpridas com o rigor alemão, mas quer também que a Zona Euro passe a ser gerida numa "lógica positiva e não apenas punitiva". Nesse contexto, defende a criação de um orçamento próprio para os países do euro e, dentro deste, de uma linha de investimento (eventualmente financiada por títulos de dívida europeus) para dinamizar projectos nos países que, em contrapartida, se comprometam em tornar-se mais competitivos, através de reformas estruturais, geralmente muito impopulares, desde logo em França.
A Alemanha torce o nariz às "eurobonds" e Macron disse em Berlim que, afinal, tão pouco as defende. Mais firme e clara tem sido a sua oposição à possibilidade de mutualização de dívida no seio da Zona Euro. "Sejamos realistas: eu aceito o princípio moral de que cada um é responsável pela dívida que contraiu".
"Quero um orçamento para a Zona Euro, um ministro responsável por esse orçamento, um parlamento para o controlar e uma verdadeira capacidade para investir e para corrigir os choques que existem na Zona Euro", tem explicado Macron, que tem uma linha de pensamento próxima da de Wolfang Schäuble, que há muito tempo que defende a criação de um Tesouro e de um ministro das Finanças do euro, com a capacidade de vetar as propostas de orçamento que não cumpram as normas europeias.
Também Espanha partilha muitas destas ideias, tendo já entregue em Bruxelas um documento onde defende que o futuro orçamento exclusivo da Zona Euro possa suportar parte dos subsídios de desemprego. Espanha é, a par da Grécia, a recordista do desemprego na Europa.
Citado pela Reuters, Le Maire disse que o grupo de trabalho examinará essencialmente uma maior integração à luz de três vertentes: projectos de investimento conjuntos (possivelmente co-financiados através de um orçamento exclusivo para a Zona Euro), convergência orçamental e coordenação das políticas económicas (numa provável alusão a uma maior convergência em matéria fiscal e em torno dos critérios relacionados com a atribuição e cálculo do subsídio de desemprego).
Premiar os reformistas. Mutualizar dívida é carta fora do baralho
Com Emmanuel Macron, um europeista convicto mas também um defensor da ortodoxia orçamental, há agora uma banda mais larga de entendimento entre Paris e Berlim. Logo após a tomada de posse, Macron deslocou-se à capital alemã onde, ao lado da chanceler Angela Merkel, anunciou a intenção de ambos os governos apresentarem "um guião franco-alemão para a UE e a Zona Euro".
Diferentemente de François Hollande, o novo presidente francês considera fundamental cumprir o Pacto de Estabilidade e o Tratado Orçamental, e promete reduzir finalmente neste ano o défice abaixo do limite de 3% do PIB. Hoje mesmo, Bruno Le Maire repetiu em Berlim que Paris cumprirá os compromissos europeus para reduzir o seu elevado nível de endividamento público. "A França vai respeitar o seu compromisso europeu de reduzir os défices e não o fazemos para agradar à Comissão Europeia, mas porque isso é bom para a França".
Macron quer "contas certas" e regras cumpridas com o rigor alemão, mas quer também que a Zona Euro passe a ser gerida numa "lógica positiva e não apenas punitiva". Nesse contexto, defende a criação de um orçamento próprio para os países do euro e, dentro deste, de uma linha de investimento (eventualmente financiada por títulos de dívida europeus) para dinamizar projectos nos países que, em contrapartida, se comprometam em tornar-se mais competitivos, através de reformas estruturais, geralmente muito impopulares, desde logo em França.
A Alemanha torce o nariz às "eurobonds" e Macron disse em Berlim que, afinal, tão pouco as defende. Mais firme e clara tem sido a sua oposição à possibilidade de mutualização de dívida no seio da Zona Euro. "Sejamos realistas: eu aceito o princípio moral de que cada um é responsável pela dívida que contraiu".
"Quero um orçamento para a Zona Euro, um ministro responsável por esse orçamento, um parlamento para o controlar e uma verdadeira capacidade para investir e para corrigir os choques que existem na Zona Euro", tem explicado Macron, que tem uma linha de pensamento próxima da de Wolfang Schäuble, que há muito tempo que defende a criação de um Tesouro e de um ministro das Finanças do euro, com a capacidade de vetar as propostas de orçamento que não cumpram as normas europeias.
Também Espanha partilha muitas destas ideias, tendo já entregue em Bruxelas um documento onde defende que o futuro orçamento exclusivo da Zona Euro possa suportar parte dos subsídios de desemprego. Espanha é, a par da Grécia, a recordista do desemprego na Europa.