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FMI ameaça retirar financiamento à Grécia
Com a situação financeira da Grécia a piorar, o FMI quer que os parceiros europeus avancem para um perdão parcial da dívida para colocar Atenas num caminho sustentável. Contudo, os países da Zona Euro opõem-se a mexidas na dívida helénica e o FMI ameaça retirar a sua quota-parte para a Grécia.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) ameaçou esta segunda-feira, 4 de Maio, que pode deixar de vir a apoiar a Grécia. O aviso foi deixado por Poul Thomsen aos ministros das finanças europeus no último Eurogrupo, a 24 de Abril.
Duas fontes relataram ao Financial Times que o responsável do Fundo disse que, perante o actual cenário, a Grécia está a caminho de um défice orçamental primário de 1,5% este ano. Sob a meta do actual programa de resgate, Atenas deveria alcançar um saldo primário positivo este ano de 3%.
Mas com Atenas agora longe de alcançar a meta, o Fundo receia agora que os níveis de dívida da Grécia voltem novamente a disparar, tornando-a insustentável pelas métricas do FMI. Neste cenário Atenas seria obrigado a tomar mais medidas de austeridade ou os países da Zona Euro poderiam acordar numa reestruturação de dívida para colocar a Grécia novamente num caminho sustentável.
O FMI acredita que este perdão parcial da dívida deve ser feita e, segundo as fontes do FT, Poul Thomsen referiu a necessidade de proceder a uma reestruturação de dívida durante o encontro de três horas.
Se este cancelamento parcial da dívida não avançar, o FMI ameaçou os parceiros europeus em retirar o seu valor da tranche de 7,2 mil milhões de euros reservada nos cofres dos parceiros internacionais para a Grécia.
O FMI tem metade destes 7,2 mil milhões, e a retirada de 3,6 mil milhões pode vir a complicar a vida para o Governo de Alexis Tsipras num momento em que a situação financeira do país vive um momento delicado.
Este impasse entre o FMI e os credores da Zona Euro não é novo. Já em 2012 o Fundo recusou desembolsar a sua parte da tranche de ajuda também devido a receios sobre a dívida.
O impasse só foi desfeito depois dos ministros da Zona Euro terem chegado a acordo para reestruturar os seus empréstimos à Grécia. No entanto, o objectivo para reduzir a dívida abaxo dos 110% do PIB até 2022 nunca foi implementado, com a dívida actualmente a situar-se nos 176%.
A Grécia e os parceiros europeus voltaram a reunir-se esta segunda-feira para tentar chegar a acordo sobre um programa de reformas, com a Comissão Europeia a dizer que as negociações têm sido "construtivas" apesar de salientar que ainda há muito trabalho por fazer.
Se os parceiros europeus derem luz verde ao acordo, o que poderá acontecer no próximo dia 11 de Maio na reunião do Eurogrupo, os 7,2 mil milhões de euros, parte ou total, serão desembolsados.
(notícia actualizada às 19:31)