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Eurogrupo admite estímulos para vacinar Zona Euro contra coronavírus

Os ministros das Finanças da área do euro vão continuar a monitorizar a evolução do coronavírus e admitem responder se os riscos se materializarem. Eurogrupo iniciou discussão sobre transferência da carga fiscal sobre rendimentos do trabalho para uma taxação em função da poluição.

Reuters
17 de Fevereiro de 2020 às 21:17
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O ano de 2020 até começou bem no que à evolução da economia mundial diz respeito, contudo a propagação do coronavírus constitui um risco de dimensões ainda por conhecer o que leva o Eurogrupo a admitir recorrer a estímulos orçamentais para responder a um potencial maior abrandamento económico.

"Apesar de alguns riscos [para o crescimento] terem diminuído recentemente, em concreto no caso do Brexit e das tensões comerciais, o recente surto do coronavírus é motivo de preocupação e algo que teremos de monitorizar atentamente", disse Mário Centeno na conferência de imprensa que se seguiu à reunião desta segunda-feira do Eurogrupo.

O ministro português das Finanças e líder do Eurogrupo reconheceu que o abrandamento económico persiste no espaço da moeda única e que os titulares das Finanças da Zona Euro acordaram "coordenar" qualquer resposta que venha a ser necessário dar em função daquilo que forem sendo os sinais de travagem económica.

O cenário de recurso a estímulos orçamentais para responder a um forte impacto do coronavírus foi assim colocado em cima da mesa pelo Eurogrupo, o que acontece numa altura em que a economia da Alemanha evidencia dificuldades e em que a China se debate para evitar uma quebra económica de maior expressão devido aos efeitos do Covid-19.

A ideia relativa à adoção de estímulos é reforçada por um documento de trabalho usado na reunião dos ministros das Finanças do euro, a que a Reuters teve acesso. No mesmo é assumido que "se os riscos [para a economia] se materializarem, as respostas orçamentais devem ser diferenciadas, destinadas a assegurar uma orientação mais solidária ao nível agregado".

Com esta mudança de abordagem, o Eurogrupo parece sugerir que os Estados-membros com economias mais poderosas poderão apoiar os países mais débeis e configura uma aproximação ao Banco Central Europeu, que há muito vem pedindo a capitais como Berlim para reforçarem os níveis de investimento de modo a apoiar o conjunto da Zona Euro.

Ainda assim, Centeno não deixou de lançar um conjunto de "cinco prioridades" para 2020 que são, em grande medida, a receita há muito preconizada por Bruxelas, o que levou o próprio governante a assumir que "não vão surpreender": reformas estruturais; sustentabilidade orçamental e investimento público; mercado laboral e inclusão social; estabilidade financeira; e aprofundamento da união económica e monetária (UEM). Recomendações que "este ano" atribuem especial ênfase à "sustentabilidade ambiental", acrescentou.

Passar impostos sobre trabalho para a poluição

A discussão do Eurogrupo sobre uma eventual resposta ao coronavírus surge em paralelo à revisão das regras orçamentais, nomeadamente as estabelecidas pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC).

O comissário europeu para os Assuntos Económicos, Paolo Gentiloni, reiterou que o objetivo passa por ter "regras mais simples, menos pró-cíclicas e que facilitem [a realização de] investimentos nos desafios" que a União Europeia tem pela frente, do ambiente à segurança e defesa.

No âmbito dessa reforma foi discutida, ainda que de forma muito embrionária, a ideia de redesenhar os impostos ambientais, nomeadamente a possibilidade de serem reduzidos os impostos aplicados pelos Estados-membros sobre os rendimentos do trabalho e substituí-los por "formas de tributação como a ambiental".

"Isto é fácil dizer, não é tão fácil fazer", assumiu o italiano Gentiloni, exemplificando de seguida os obstáculos que se levantam perante tal ideia ao lembrar que se se taxar em função dos níveis de poluição, à medida que estes forem sendo reduzidos também se arrecadará menos dinheiro de impostos, pelo que seria necessário encontrar outras fontes alternativas. É uma discussão que acaba de começar, evidenciaram Centeno e Gentiloni.

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