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Berlusconi não provoca queda de Letta
Depois da expectativa criada, a vídeo-mensagem gravada por Berlusconi acaba por não resultar no derrube o Governo de coligação, escolhendo como alvo a “justiça e os juízes politizados”. A tentativa de revitalização do Forza Italia é outro dos pontos fortes da mensagem do “Cavaliere”, que não assegura, porém, continuidade do Governo.
No vídeo transmitido esta quarta-feira a partir do seu escritório, palco de várias comunicações ao longo dos últimos anos, Silvio Berlusconi, antigo primeiro-ministro de Itália e figura de proa do PdL, partido minoritário na coligação de governo, o “Cavaliere” seguiu uma linha de acção menos dura do que a prevista por vários analistas. Esta posição também diverge da vontade de alguns dos seus principais aliados no PdL, que pretendiam a queda imediata do Governo.
“Farei política dentro ou fora do Parlamento. Independentemente da agressão concertada dos magistrados” avisou Berlusconi. Em relação à grande coligação liderada por Letta, Berlusconi foi, no essencial, omisso, limitando-se a dizer que os ministros do seu partido, o PdL, estão a “preparar o relançamento da economia”. A via liberal é apontada por Berlusconi como a solução. “Diminuir taxas e a despesa pública e parar o bombardeamento fiscal que coloca as famílias italianas de joelhos” são as promessas deixadas por Berlusconi.
A condenação a quatro anos de prisão pelo caso de fuga ao fisco, Mediaset, e a recente decisão sobre o caso Mondadori, são “sentenças monstruosas ao serviço de uma magistratura politizada” no entender do antigo primeiro-ministro. A caracterização de “via judicial para o socialismo” não soou a nenhuma novidade nascida das novas circunstâncias. Depois de reafirmar a sua inocência, lamentou que a decisão no caso Mondadori seja “um ataque a mim, à minha família e aos meus funcionários”.
De acordo com a imprensa italiana não é ainda claro o objectivo de Silvio Berlusconi ao querer recuperar a força e influência do seu partido original, o Forza Italia. “Italianos rebelem-se” foi a palavra de ordem deixada, numa clara tentativa de concentrar à sua volta aqueles a quem classificou como os “italianos moderados”.
O Senado italiano está junto esta quarta-feira, desde as 20h30m em Roma, para votar a eventual expulsão de Berlusconi do cargo de senador. Esta votação decorre da já enunciada condenação no caso Mediaset, ao abrigo da lei “Severino” que impede que candidatos ou titulares de cargos políticos o possam ser no caso de condenação judicial.
O secretário do PD, Guglielmo Epifani, reagiu a esta mensagem considerando que Berlusconi “trata de atirar gasolina para cima do fogo” e lamenta estas “declarações desconcertantes, de Guerra Fria”. O clima de crise política paira no ar até que haja dados concretos da posição do Senado.