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Grécia: Alexis Tsipras remodela Governo

O primeiro-ministro grego demitiu alguns dos "rebeldes" que no dia 15 de Julho votaram contra as reformas que eram exigidas pelos credores em troca de uma nova ajuda financeira.

23 de Maio – Tsipras na comissão central do Syriza

“Não vamos aceitar condições humilhantes nesta negociação. A grande maioria social não pode pagar novos ajustes”.
Bloomberg
17 de Julho de 2015 às 19:02
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O pacote das primeiras medidas negociadas entre Tsipras e os credores da troika na cimeira do euro [iniciada a 12 de Julho à tarde e terminada no dia 13 de manhã] só passou no parlamento, na votação de quarta-feira, 15 de Julho, com a ajuda da oposição. As consequências políticas já se fizeram sentir: o primeiro-ministro acaba de anunciar algumas substituições, avança a Reuters.

Tsipras, que saiu ferido no embate com os rebeldes do seu partido, o Syriza, anunciou agora a saída de duas figuras de relevo que votaram contra as medidas que o primeiro-ministro negociou no domingo passado em Bruxelas e que abriram caminho à concessão do financiamento-ponte, no valor de 7,16 mil milhões de euros, e a um terceiro pacote de resgate que pode ascender a 86 mil milhões.

 

O ministro do Trabalho, Panos Skourletis, será assim o novo ministro da Energia, em substituição de Panagiotis Lafazanis, um dos mais ferozes opositores às medidas delineadas por Tsipras com a troika.

Com a tutela do Trabalho fica Yorgos Katrugalos, que era o actual vice-ministro da Reforma Administrativa.

 

Já Tryfon Alexiadis foi nomeado vice-ministro das Finanças, substituindo assim Nadia Valavani – que tinha apresentado a sua demissão esta semana.

Foram também substituídos os vice-ministros da Defesa, Kostas Ísijos, da Segurança Social, Dimitris Stratulis, e dos Negócios Estrangeiros, Nikos Juntis, refere a Lusa. Ao contrário dos dois primeiros, que também votaram contra as reformas, o terceiro já se tinha demitido do seu lugar no parlamento antes da votação de quarta-feira, recorda a agência.

 

Para o cargo de Isijos irá Dimitris Vitsas, para o de Stratulis seguirá Pavlos Jaikalis - o único membro do Anel (Gregos Independentes) e com o de Juntis ficará Sia Anagnostopulu.

 

O novo ministro das Finanças, Euclid Tsakalotos, que no passado dia 6 de Julho substituiu na pasta Yanis Varoufakis, manter-se-á no cargo, segundo a Reuters.

É criado um novo cargo no Ministério dos Negócios Estrangeiros, o de vice-ministro, de que será titular Yanis Amanatidis, sublinha a Lusa.

 

Na pasta do Interior, também passa a existir um vice-ministro, que será Pavlos Polakis, e o cargo de vice-ministro da Reforma Administrativa será ocupado por Khristoforos Vernardakis (uma vez que Yorgos Katrugalos assume os comandos do Ministério do Trabalho).

 

A porta-voz do Governo será Olga Yerovasili, em substituição de Gavriil Sakelaridis, nomeado um dos porta-vozes do grupo parlamentar do Syriza.

 

Desde a votação da passada quarta-feira, 15 de Julho, que se fala que Tsipras iria remodelar o governo, mas com os incêndios que assolam o país – com especial incidência na capital, Atenas – foi aventada a possibilidade de o primeiro-ministro não o fazer hoje. Mas fez.

 

Recorde-se que na sexta-feira, 10 de Julho, apenas 145 dos 162 deputados da bancada do governo helénico [Syriza e o partido júnior da coligação, o Anel] lhe deram luz verde para negociar em Bruxelas: oito abstiveram-se (nomeadamente o então ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, e a presidente do parlamento grego, Zoe Konstantopoulou), dois votaram contra e sete não estiveram presentes (entre os quais o ex-ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, que alegou questões familiares).

Nos termos da legislação parlamentar grega, os sete ausentes não são contabilizados como dissidentes, mas, para efeitos de contagem, Alexis Tsipras perdeu 17 membros da sua coligação.

 

Tsipras precisou assim da oposição para conseguir os 151 votos necessários num total de 300 assentos no parlamento.

 

Esta quarta-feira, numa nova votação crucial no parlamento, onde foram colocadas à aprovação dos deputados as primeiras medidas de austeridade acordadas entre Alexis Tsipras e a troika, o primeiro-ministro teve o apoio de apenas 124 dos 162 deputados da coligação governamental.

 

Ou seja, em menos de uma semana, os seus "rebeldes" passaram de 17 para 38. Nesta votação, Varoufakis esteve presente e votou contra. E, uma vez mais, Tsipras precisou da oposição para conseguir levar adiante aquilo a que se comprometeu com os credores de Atenas no sentido de manter o país no euro. Hoje, o líder do Syriza tomou medidas.

O gabinete do primeiro-ministro anunciou em comunicado que a posse dos novos membros do Governo não decorreu esta sexta-feira devido aos incêndios que deflagraram em todo o país. Embora oficialmente não haja uma data para a cerimónia, a televisão pública, citada pela Lusa, apontou para sábado.



(notícia actualizada às 19h32)

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