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Preços crescem na Grécia após 33 meses de deflação
Quase três anos depois da economia helénica ter entrado em deflação, Atenas consegue que os preços no consumidor registem uma subida. Em Dezembro, a inflação calculada com base nos termos ditados pela UE atingiu os 0,4%.
33 meses. Quase três anos. Foi este o período de tempo que a economia da Grécia precisou para sair de uma situação de deflação. A inflação, calculada através das normas ditadas pela União Europeia, subiu 0,4% em Dezembro na Grécia, de acordo com a Reuters. Este valor superou as estimativas dos analistas consultados por esta agência, que antecipavam que a inflação atingisse os 0,2% no último mês de 2015.
Ainda assim, o índice de preços de consumidor utilizando a metodologia local (não harmonizado) caiu 0,2% em Dezembro de 2015 comparando com igual período de 2014.
Durante vários anos, a Grécia enfrentou uma situação de deflação, com a economia a sofrer com os cortes nas pensões e nos salários implementados no âmbito dos programas de ajuda económico e financeira. A economia helénica, nomeadamente devido a este corte de rendimento dos cidadãos, entrou em recessão. O nível mais baixo que a inflação atingiu nos últimos anos na Grécia foi em Novembro de 2013 – época em que os preços no consumidor caíram 2,9%, face ao mesmo período do ano anterior.
O economista Platon Monokroussos do Eurobank, citado pela Reuters, considera que a "inflação harmonizada com a União Europeia deverá continuar em território ligeiramente positivo durante o primeiro semestre do ano, embora os efeitos base da subida do imposto de valor acrescentado (IVA) vão começar a diminuir de Julho em diante".
A Grécia recebeu o primeiro plano de ajuda económica em 2010. Desde então, mais dois foram negociados. As medidas de austeridade implementadas no país desde o início dos resgates têm provocado várias crises políticas no país. O actual primeiro-ministro, Alexis Tsipras, reeleito em meados do ano passado, pode enfrentar uma nova crise em breve devido à reforma no sistema de pensões do país. A 3 de Janeiro, Tsipras admitiu que o sistema de pensões "está à beira do colapso" e deve ser reformado. Ainda assim, advertiu que não vai ceder a "exigências absurdas" por parte dos credores da Grécia, no momento em que se preparam as negociações sobre a reforma do sistema de pensões.
Dois dias depois, o porta-voz do Governo helénico pediu o apoio da oposição à reforma das pensões. Esta reforma não implicará cortes para os já reformados, mas os novos pensionistas podem perder até 30%. A aprovação desta reforma é essencial para se poder antecipar uma primeira avaliação positiva ao terceiro programa internacional de assistência ao país.
Na ausência de um exame positivo da troika, os parceiros europeus não passarão novos cheques nem iniciarão o debate sobre uma nova revisão das modalidades de reembolso dos empréstimos. E sem algum alívio da dívida, o FMI não emprestará mais dinheiro à Grécia.