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UE responde com 700 milhões a crise na Grécia

Depois de a Turquia ter decidido “abrir as portas” aos refugiados que pretendem rumar à Europa, a crise migratória adensou-se na Grécia, que enfrenta uma brutal pressão nas suas fronteiras. União Europeia vai apoiar o país com dinheiro e meios.

Cerca de 10 mil migrantes, sobretudo da Síria, já chegaram à fronteira terrestre da Turquia com a Grécia.
Cerca de 10 mil migrantes, sobretudo da Síria, já chegaram à fronteira terrestre da Turquia com a Grécia. Erdem Sahin/EPA
03 de Março de 2020 às 21:13
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A Comissão Europeia vai apoiar a Grécia com 700 milhões para responder à pressão migratória no país, depois de a Turquia ter decidido “abrir as portas” aos refugiados que pretendem rumar à Europa, numa tentativa de garantir mais apoio ocidental na questão síria.

Após uma visita a campos de refugiados na Grécia, a presidente do executivo comunitário disse que o apoio ao país divide-se em dois: 350 milhões disponíveis desde já e outros 350 milhões “que podem vir a ser requeridos como uma verba prometida”. Além disso, a pedido da Grécia, foi ativado o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, para que o país “possa receber assistência médica, como abrigos e cobertores, enquanto de tal necessite”, afirmou Ursula Von der Leyen, citada pela Lusa.

A Grécia enfrenta uma brutal pressão nas suas fronteiras externas com a Turquia depois de o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter decidido “abrir as portas” aos refugiados que pretendem rumar à Europa, numa tentativa de garantir mais apoio ocidental na questão síria.

Também por isso, na segunda-feira, a agência europeia da guarda costeira, a Frontex, aceitou lançar uma intervenção rápida nas fronteiras externas da Grécia, para ajudar as autoridades gregas face ao fluxo de refugiados oriundos da Turquia.

A decisão do editor executivo da Frontex, Fabrice Leggeri, surgiu na sequência de um pedido do governo grego, que no domingo à noite solicitou oficialmente à agência o lançamento de uma intervenção rápida nas suas fronteiras marítimas no mar Egeu.

Ursula Von der Leyen precisou que a operação rápida da Frontex será feita pelo mar, terra e por via aérea, nomeadamente através da alocação de embarcações, helicópteros e de aeronaves e ainda da disponibilização de mais 100 guardas costeiros aos cerca de 530 que a agência já tem nas fronteiras gregas.

Santos Silva: refugiados são arma de arremesso

Em Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros português acusou ontem a Turquia de utilizar os refugiados “como arma de arremesso” ao abrir fronteiras e ameaçar deixar passar todos os refugiados e migrantes para a Grécia.

Augusto Santos Silva, que falava no Parlamento, frisou não concordar com o deputado Pedro Filipe Soares, do BE, que lhe pediu “o reconhecimento de que a estratégia seguida pela União Europeia (UE), designadamente o acordo com a Turquia, que PT secundou, foi a errada”.

“Não vejo razão para dizer hoje que o acordo de 2016 com a Turquia foi um erro. Pelo contrário, é um acordo razoável que se revelou útil, porque durante quatro anos milhares e milhares de pessoas refugiadas na Turquia puderam beneficiar de apoio” financiado pelos países europeus, declarou.

“Outra coisa é a Turquia utilizar os refugiados [...] como arma de arremesso contra a Europa, para procurar que a Europa pague mais ou tenha uma posição mais conforme aos interesses turcos na relação que tem com a Síria e na relação muito ambígua com a Rússia”, criticou o ministro.

A União Europeia e a Turquia celebraram em 2016 um acordo no âmbito do qual Ancara se compromete a combater a passagem clandestina de migrantes para território europeu em troca de ajuda financeira num valor total de 6 mil milhões de euros para financiar o acolhimento dos refugiados, especialmente os sírios que fogem da guerra. 

 

Augusto Santos Silva defendeu ontem o acordo que a União Europeia fez com a Turquia em 2016.
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