O primeiro-ministro grego afirmou que o apelo do seu governo para um alívio na dívida pública do país foi melhor recebido nos Estados Unidos do que na Europa.

"O Governo grego encontrou mais abertura aqui [nos Estados Unidos] do que em Bruxelas para a necessidade de ser encontrada uma resolução justa para crise e a necessária redução da insuportável e insustentável dívida pública que acumulamos todos estes anos", disse Alexis Tsipras em Nova Iorque, no quinto dia de visita aos Estados Unidos.

Citado pelo jornal grego Kathimerini, o primeiro-ministro grego afirmou que o seu país "tem sido vítima das escolhas que originaram uma erosão gradual da soberania da Grécia e um aumento do endividamento, que resultaram na obrigatoriedade de tomarmos medidas que enfraqueceram a base produtiva e a economia".

No âmbito do terceiro resgate à Grécia, cujo memorando foi fechado em Agosto, a Europa sinalizou que está disponível para aliviar a dívida grega, mas tal só será colocado em cima da mesa em Novembro, quando ficar fechada a primeira avaliação da implementação do acordo. Os países europeus têm mostrado abertura para alargar as maturidades e reduzir os encargos da dívida, se Atenas cumprir o acordo. Já um perdão de dívida tem sido colocado de parte.

O FMI só aceita participar no terceiro resgate e voltar a financiar a Grécia se forem tomadas estas medidas de alívio da dívida grega, que aos olhos da instituição sediada em Washington não é sustentável.  

As declarações de Tsipras aos jornalistas em Nova Iorque surgem dias antes de aterrarem em Atenas os responsáveis da troika, que vão negociar com o Governo grego as medidas que o Executivo de Tsipras tem de adoptar para receber as próximas tranches do terceiro resgate.

Na terça-feira, numa entrevista ao Wall Street Journal, Tsipras mostrou-se optimista com a evolução da Grécia, afirmando que o país pode em breve regressar aos mercados para obter financiamento.

"Se houver uma boa decisão sobre o tema da dívida, a Grécia pode regressar aos mercados logo depois da reestruturação", afirmou o primeiro-ministro na entrevista ao jornal norte-americano, onde também elogia o memorando de entendimento relacionado com o terceiro resgate, "que pela primeira vez tem uma abordagem mais realista" e exige um "ajustamento mais brando".    

Entretanto, esta quinta-feira, 1 de Outubro, um jornal regional alemão citado, pela agência Bloomberg, escreve que o Fundo Monetário Internacional (FMI) só participará no novo programa de assistência financeiro grego se a dívida pública da Grécia for cortada em 100 mil milhões de euros. A notícia avançada pelo Rheinische Post parece confirmar algo próximo daquilo que a própria instituição liderada por Christine Lagarde já anunciara.

O FMI faz depender uma eventual participação financeira no resgate de cerca de 86 mil milhões de euros à Grécia, não apenas do resultado da primeira avaliação periódica ao cumprimento do memorando de entendimento negociado entre Atenas e a troika, prevista para o final de Outubro ou início de Novembro, mas também da abordagem que vier a ser feita pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu (BCE) relativamente àquilo que o Fundo considera ser o necessário "alívio de dívida que permita à dívida helénica tornar-se sustentável".