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Trump já tem resposta da UE: novos Brexit são uma "fantasia"

O comissário Pierre Moscovici prometeu ainda estar atento às ameaças de taxação acrescida de fabricantes automóveis europeus com fábricas no México: "A Europa não pode ser ingénua e tem de estar pronta a reagir," defendeu.

Reuters
16 de Janeiro de 2017 às 13:28
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Depois de este domingo o futuro presidente dos EUA, Donald Trump, ter antecipado a possibilidade de mais países virem a sair da União Europeia – seguindo as pisadas do Reino Unido -, Bruxelas veio negar essa possibilidade.


"Não estou preocupado, penso que a ideia de que o Brexit é contagioso é uma fantasia, uma má fantasia," afirmou esta segunda-feira, 16 de Janeiro, o comissário europeu dos Assuntos Europeus, Pierre Moscovici.

Na base da convicção de Moscovici - que falava aos jornalistas em Paris e é citado pela Reuters - estão os custos "consideráveis" que envolve uma desvinculação do espaço económico e social europeu. Esses custos, acredita Moscovici, dissuadirão outros países de se juntarem ao movimento.


O responsável confrontou directamente as declarações de Trump ontem, que em entrevista a dois jornais – o alemão Bild e o inglês The Times of London - considerou um "grande feito" a saída da UE, decidida a 23 de Junho por 52% dos eleitores que votaram no referendo.

"O Brexit não é um grande feito," disse, avisando Trump – que esta sexta-feira se torna no 45.º presidente dos EUA - que este género de comentários desagregadores não representa um bom arranque para as relações transatlânticas entre os dois blocos económicos.

Já sobre a promessa de Trump de aplicar tarifas aduaneiras agravadas aos construtores alemães que optem por produzir no México os carros com destino a clientes norte-americanos (como a BMW, que ameaçou com tarifas de 35%), Moscovici prometeu acompanhar a situação:

 

"Temos de ser extremamente vigilantes, mobilizados e, quando chegar a altura, reactivos, se se confirmar um determinado comportamento. (…) A Europa não pode ser ingénua e tem de estar pronta a reagir," advogou.

Merkel: "Os europeus têm o seu destino nas suas mãos"

Também a chanceler alemã, que viu o futuro presidente norte-americano considerar um "erro catastrófico" a sua política de acolhimento de refugiados que permitiu a entrada de "todos esses ilegais no país", já reagiu à entrevista de ontem.  

"Penso que os europeus têm o seu destino nas suas mãos," disse Angela Merkel aos jornalistas, numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro neozelandês, em resposta a perguntas sobre a possibilidade de novas desvinculações da UE. "Aguardo pela tomada de posse do presidente dos EUA. Então, claro, trabalharemos com ele a todos os níveis," acrescentou.

Além da União Europeia, também houve reacções do lado de países-membros da NATO. A Aliança Atlântica foi igualmente visada ontem nas declarações de Trump, que considerou a organização "obsoleta" ainda que "importante", mesmo que só cinco membros tenham quotas em dia.

"As declarações do presidente eleito foram recebidas com preocupação", adiantou, citado pela Lusa, o chefe da diplomacia de BerlimFrank-Walter Steinmeier, depois de se ter reunido com o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg.

As afirmações de Trump surpreenderam os ministros dos Negócios Estrangeiros que se reúnem hoje em Bruxelas e "contradizem as afirmações do responsável pela Defesa dos Estados Unidos", acrescentou Steinmeir referindo-se ao encontro mantido na semana passada com a Administração norte-americana, em Washington.

(Notícia actualizada às 13:34 com reacção de Angela Merkel)

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