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Krichbaum: Governo português fez "quase um milagre"

Em entrevista, Gunther Krichbaum, presidente da comissão dos Assuntos Europeus do Bundestag, diz que Portugal está muito melhor do que há quatro anos, em boa medida graças a um governo que "fez quase um milagre".

Bruno Simão
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Gunther Krichbaum, deputado da CDU de Angela Merkel que há sete anos preside à comissão parlamentar dos Assuntos Europeus no Bundestag, não tem dúvida de que Portugal é um exemplo bem sucedido de aplicação das políticas de estabilização da troika, muito graças à determinação do Governo.    

 

Em entrevista ao Negócios, realizada nesta semana em Lisboa no meio de uma agenda que incluiu encontros com o governador do Banco de Portugal Carlos Costa e com o vice-primeiro-ministro Paulo Portas, reconhece que Portugal é um país ainda em convalescença, mas diz-se impressionado com os resultados.

 

"Talvez nem toda a gente tenha noção disso, mas Portugal está hoje em melhores condições do que há quatro anos. Só isso explica que o país tenha vendido dívida pública com maturidade de trinta anos com uma taxa de juro tão atractiva. Ninguém empresta com estes prazos se não tiver muita confiança no país", argumenta.

 

Congratula, por isso, o Executivo de Pedro Passos Coelho, cujos partidos (PSD e CDS) integram a mesma família

Portugal ainda não está curado, mas o que o Governo conseguiu alcançar nestes anos é quase um milagre, tendo em conta a herança que recebeu e as condições que teve de enfrentar.
 
Gunther Krichbaum

europeia da CDU. "Portugal ainda não está curado, mas o que o Governo conseguiu alcançar nestes anos é quase um milagre, tendo em conta a herança que recebeu e as condições que teve de enfrentar". 

   

Quanto à Alemanha, assegura que "há e houve solidariedade" em relação a todos os parceiros, e que Portugal respondeu com "solidez no processo de reforma, indispensável para restabelecer um país que esteve à beira da insolvência".

 

Sobre as declarações de Angela Merkel, alegadamente a criticar o excessivo número de licenciados em Portugal e Espanha, diz tratar-se de um "mal-entendido clássico". "A aposta no ensino superior não está em causa; o que achamos é que os Estados devem oferecer outras possibilidades, designadamente que permitam combinar a escolarização com estágios em empresas".

 

Gunther Krichbaum lembra que no caso da Alemanha essa oferta mais diversificada poderá explicar a baixa taxa de desemprego entre os mais jovens – que, inversamente, é das mais altas da Europa nos países ibéricos. "Dou-lhe um exemplo: a Finlândia é tradicionalmente a líder nos testes de Pisa, mas tem uma taxa de desemprego juvenil de 20%, ao passo que na Alemanha anda em torno de 5%. Este é um indicador, de empregabilidade, que também devemos ter em conta quando pensamos que políticas públicas devemos seguir na Europa no domínio da educação, porque sabemos que a inserção efectiva no mercado de trabalho é o melhor seguro que podemos oferecer aos nossos jovens", argumenta.

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