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"Polícia" dos medicamentos pode ter nova casa depois do Brexit

Londres não quer deixar fugir a sede da Agência Europeia do Medicamento. Mas a dimensão e importância da organização levam mais de uma dezena de países da União Europeia a disputar a localização da organização.

Correio da Manhã
11 de Novembro de 2016 às 12:30
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Depois de a 23 de Junho os britânicos terem optado em referendo que o melhor remédio era deixarem a União Europeia, não parou de crescer a especulação sobre o impacto que aquela decisão pode ter na sangria das sedes de grandes multinacionais para fora do Reino Unido.


Com capitais europeias como Paris e Madrid a esgrimirem argumentos para atrair sobretudo o sector financeiro – a tentar capitalizar um possível esvaziamento da City londrina em caso de um "hard Brexit" -, há agora um novo sector a ser disputado entre os Estados-membros da União Europeia.


A Agência Europeia do Medicamento, conta a Bloomberg, emprega quase 900 pessoas em Londres, no número 30 da Churchill Place, mas supervisiona um mercado que abrange 500 milhões de consumidores de fármacos no Velho Continente.


Países como a Suécia, França, Dinamarca, Hungria ou Bulgária acenam com vantagens como futuras casas para o "polícia dos medicamentos", mas a capital britânica faz finca-pé em manter a sede da organização, dada a integração já existente com o seu próprio regulador para este sector.


"Temos de demonstrar que não é do interesse da Europa tirar daqui a AEM. Parte do desafio do sector é mostrar que podemos estar a sair do enquadramento regulatório, mas ainda estamos a escrever o guião para a regulação do século XXI," afirmou George Freeman, que lidera o comité de políticas do Governo de Theresa May.


Para as possíveis cidades anfitriãs, os benefícios são vários, desde logo ao nível do mercado de arrendamento e do uso das estruturas de alojamento que é proporcionado pela actividade da agência. Além disso, as despesas com os funcionários correm por conta da União Europeia e não do país onde está sediada.


Algumas das grandes empresas da indústria farmacêutica – como a GlaxoSmithKline ou a Bayer – discordam da deslocalização, pelo impacto "tremendo" que terá no funcionamento da agência, nomeadamente na capacidade de atracção de talentos globais e na manutenção dos padrões de serviço.


Mas outras, como a Novo Nordisk, defendem a transferência da sede para a capital dinamarquesa, Copenhaga, cidade onde se encontra o escritório europeu da Organização Mundial de Saúde. Na Escandinávia, a localização é disputada pelos Governos finlandês e sueco. Estocolmo é já a sede do Centro Europeu para o Controlo e Prevenção de Doenças.


Itália, França e Alemanha também já se posicionaram. O primeiro-ministro Matteo Renzi disponibilizou as instalações onde se realizou a exposição mundial de 2015 em Milão; o Presidente François Hollande defende Lyon, Estrasburgo e Lille como candidatas, e Munique, Bona, Frankfurt e Saarbruecken são dadas como possibilidades.


Países como a Bulgária, a Croácia, a Roménia, Chipre ou Eslováquia são também eventuais futuros destinos, uma vez que ainda não têm nenhuma agência europeia instalada nos seus territórios.


Lisboa é actualmente sede de duas agências europeias: o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (estabelecido em 1993 e inaugurada em 1995 e que emprega 110 pessoas) e a Agência Europeia de Segurança Marítima (criada em 2003, emprega mais de 200 trabalhadores).

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