Notícia
Merkel junta-se a Macron e pede exército comum na UE
A chanceler alemã defende que o futuro europeu será moldado essencialmente por três áreas fundamentais: segurança e defesa, união económica e monetária e migrações. Em relação à primeira, Merkel alinha com o presidente francês e pede a criação de um exército comum europeu.
Angela Merkel voltou a mostrar proximidade relativamente à visão de Emmanuel Macron para a Europa. Depois de, em Junho passado, a chanceler alemã e o presidente francês terem chegado a acordo sobre um conjunto de dimensões em que deve ser reforçada a integração europeia, Merkel defende também agora a criação de um exército comum europeu.
Presente esta terça-feira, 13 de Novembro, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, para falar sobre o futuro da União Europeia, a chanceler da Alemanha identificou "três áreas essenciais" que vão moldar o futuro da União e que exigem maior integração. A primeira diz respeito à Política Externa e de Segurança da União, porque "os nossos interesses estão mais bem defendidos quando actuamos colectivamente". Recordou também que o novo papel assumido pelos Estados Unidos de Donald Trump faz com que a Europa precise de alcançar uma "maior capacidade de actuação no longo prazo".
Em segundo lugar insistiu na necessidade de finalizar a união económica e monetária porque "só assim podemos ter uma Europa estável". Nesta área, Merkel recordou o acordo firmado com a França de Macron que propõe a conversão do Mecanismo Europeu de Estabilidade num Fundo Monetário Europeu, sustentou ser preciso finalizar a união bancária e "trabalhar na criação de um orçamento na Zona Euro".
Por fim, destacou a "migração" como a terceira e última área crucial para o futuro europeu. Admitindo a ausência de "sintonia" que desejaria nesta questão, Merkel realçou alguns dos avanços conseguidos, designadamente na protecção comum das fronteiras externas, para pedir aos Estados-membros que prescindam de alguma soberania para o bem-comum. "Devemos abrir mão de um pouco de competência nacional para o bem de todos", atirou, suscitando novos apupos.
"Nem todos os problemas da Europa devem ser resolvidos pela Europa. Solidariedade significa reciprocidade. Estou convencida de que a Europa é a nossa melhor oportunidade para a prosperidade", concluiu num discurso em que o saldo global entre vaias e aplausos lhe foi claramente favorável.
Antes de chegar a Paris para as comemorações do armistício da Primeira Guerra Mundial que decorreram no fim-de-semana, o presidente dos Estados Unidos considerou "insultuosa" a intenção proclamada por Macron relativa à criação de um exército europeu capaz de enfrentar a ameaça apresentada por países como a China, Rússia e EUA. Há um ano e meio, quando Trump punha em causa a Aliança Atlântica devido ao subfinanciamento da instituição por parte dos países europeus, Merkel assumiu que chegara o momento em que a Europa tinha de passar a contar somente consigo própria.